sexta-feira, 11 de março de 2022

Novos casos de covid híbrida são identificados nos EUA e na Europa

 Redação

Catraca Livre

Novos casos da versão híbrida da covid-19, apelidada de Deltacron, foram identificados nos Estados Unidos e na Europa, apontaram pesquisadores. A linhagem combina genes das variantes Delta e Ômicron.

 © Naeblys/istock

As análises realizadas até agora confirmam a infecção pela versão híbrida em 17 pessoas. Como esse é um número baixo, ainda não é possível saber se a nova cepa é mais ou menos transmissível e perigosa.

Recombinações genéticas dos coronavírus acontecem quando duas variantes infectam uma mesma célula hospedeira.

“Durante a pandemia, duas ou mais variantes co-circularam durante os mesmos períodos de tempo e nas mesmas áreas geográficas… Isso criou oportunidades de recombinação entre essas duas variantes”, disse o pesquisador Philippe Colson, do IHU Mediterranee Infection, instituto de microbiologia de doenças infecciosas de Marselha, na França.

Segundo ele, sua equipe desenvolveu um teste do tipo PCR, padrão ouro, que pode identificar rapidamente amostras positivas para a presença desse vírus.

Das 17 infecções por Deltacron confirmadas, 3 foram identificadas em pacientes franceses, duas em norte-americanos e as outras 12 foram relatadas na Europa desde janeiro. Todas elas levam a proteína spike, a parte do vírus que se liga às células humanas, da Ômicron e o corpo da Delta.

OMS reconhece nova cepa

Embora vários países já suspeitassem do surgimento da variante “deltacron”, a confirmação só veio após os virologistas franceses enviaram a sequência genômica completa ao banco de dados internacional de covid-19.

Após analisar os dados, a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou oficialmente a existência da nova cepa na quarta-feira, 9.

No mês passado, após casos suspeitos, a Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido classificou o vírus “recombinante” como um “sinal sob investigação” —dois níveis abaixo de uma variante de preocupação.

Também na quarta-feira, a OMS alertou mais uma vez que a pandemia está longe do fim, embora o número de infecções e mortes por covid-19 esteja diminuindo no mundo.

“Esta pandemia está longe de terminar e não terminará em lugar algum se não conseguirmos em todos os lugares”, enfatizou o diretor-geral da agência de saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Ele lamentou que dois anos depois, o vírus ainda esteja evoluindo, enquanto o mundo continua a enfrentar obstáculos na distribuição de vacinas, testes e tratamentos.


OMS monitora nova variante que combina Ômicron e Delta

 Exame.com

Cm informações Agência Brasil

A diretora da OMS, Maria Van Kerkhove, disse que até o momento não foi identificada nenhuma severidade maior da infecção pela nova variante, mas que pesquisas e estudos estão em andamento

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou nesta quarta-feira (9) que está monitorando o surgimento de uma nova variante do coronavírus que combina características genéticas duas outras versões do vírus: a Ômicron e a Delta. A mistura das duas variantes tem sido chamada informalmente de Deltacron.  

A primeira evidência mais sólida de um vírus recombinante Delta e Ômicron foi compartilhada pelo Instituto Pasteur, da França. Eles fizeram o sequenciamento genético completo do vírus para o GISAID, um banco de dados internacional que centraliza as sequências genéticas de todas as variantes do coronavírus.

A diretora técnica da Organização Mundial da Saúde (OMS), Maria Van Kerkhove, disse que a entidade está ciente dessa nova variante, já identificada em três países europeus.

"Estamos cientes disso, é uma combinação das variantes Delta e Ômicron. Foi detectada na França, na Holanda e na Dinamarca. Isso era algo esperado dado que há uma intensa circulação dessas variantes", disse durante coletiva de imprensa da OMS.

Segundo ela, em países da Europa a variante Delta continuava circulando de forma expressiva quando surgiu a variante Ômicron, o que pode explicar essa recombinação.

A epidemiologista ponderou que, até o momento, não foi identificada nenhuma severidade maior da infecção pela nova variante, mas que pesquisas e estudos ainda estão em andamento.

Pandemia

Sobre a persistência da pandemia, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, voltou a dizer que ela está longe do fim. "A pandemia está longe de acabar. E ela não vai acabar em nenhum lugar até que ela acabe em todos os lugares", alertou.

Em janeiro deste ano, após o aumento exponencial de contaminações impulsionado pela variante Ômicron, o dirigente da OMS já havia dito a mesma coisa. Ele também lembrou que, na próxima sexta-feira (11) completará exatamente dois anos em que a epidemia de covid-19 foi descrita como uma pandemia global.


Vacine-se ou arrependa-se, diz igreja russa

 Deutsche Welle

Igreja Ortodoxa da Rússia convocou todos os fiéis a se vacinarem e advertiu que quem se recusar será considerado um "pecador" e terá que se arrepender "pelo resto da vida". 

A Igreja Ortodoxa da Rússia convocou todos os seus fiéis a se vacinarem contra a covid-19 e advertiu que as pessoas que se recusarem a se imunizar serão consideradas "pecadoras". A vacinação avança muito lentamente na Rússia, enquanto os casos de covid-19 não param de subir.

Na televisão estatal, o metropolita Hilarion, chefe do Departamento das Relações Externas do Patriarcado de Moscou, afirmou que os cidadãos que se recusam a se vacinar estão cometendo "um pecado pelo qual terão que se arrepender pelo resto da vida".

"Vejo situações todos os dias em que pessoas visitam um padre para confessar que se recusaram a se vacinar e a vacinar seus entes queridos e, involuntariamente, causaram a morte de alguém", afirmou. "O pecado é pensar em si mesmo e não em outra pessoa", completou.

Nesta segunda-feira, a Rússia registrou 25.142 novos casos de covid-19, o maior número diário desde 2 de janeiro, informaram as autoridades sanitárias do país, que atribuem 90% das novas infecções à variante delta.

Com 5.610.941 de casos confirmados, a Rússia é o quinto país do mundo com maior número de infecções  pelo coronavírus, depois de Estados Unidos, Índia, Brasil e França.

Disparada no número de óbitos

O aumento explosivo dos contágios nas últimas semanas fez disparar o número de óbitos, que duplicou em comparação com os dados do início de junho. Na última semana, o país registrou cinco recordes consecutivos de mortes diárias por covid-19. Nas últimas 24 horas, o país teve 663 mortes oficiais devido à doença, elevando o total para os 137.925.

Os principais focos de infeção são Moscou e São Petersburgo, as duas maiores cidades do país, onde em 24 horas ocorreram, respectivamente, 111 e 104 mortes, quase um terço das registradas em toda a Rússia.

Apesar da deterioração da situação, o governo russo descarta a imposição de confinamentos ou a paralisação das atividades econômicas.

Até o momento, 25,1 milhões de pessoas, o equivalente a 17% da população, já receberam ao menos uma dose de vacinas contra a covid-19, segundo o site Gogov.ru.

O Ministério da Saúde da Rússia anunciou nesta segunda-feira que começaram os ensaios clínicos para determinar a eficácia da vacina Sputnik V em adolescentes.

Os testes terão a participação de cerca de 660 jovens de 12 a 17 anos. A primeira e a segunda fases acontecerão em dois hospitais de Moscou.


Covid: o que é a 'superimunidade' e como ela nos protege contra infecções

 David Cox

BBC Future 

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Em outubro de 2020, uma equipe de virologistas da Universidade Rockefeller de Nova York, nos Estados Unidos, embarcou em um projeto de um ano para tentar antecipar quais formas perigosas de covid-19 poderiam surgir no futuro.

Embora o espectro de novas variantes ainda não preocupasse líderes políticos e cidadãos em todo o mundo, os cientistas estavam bem cientes de que o vírus quase certamente sofreria mutações para se tornar mais infeccioso.

O objetivo dos cientistas da Rockefeller era criar uma versão artificial da proteína spike — que o coronavírus usa para penetrar nas células — que pudesse escapar de todos os tipos conhecidos de anticorpos protetores encontrados no sangue de sobreviventes da covid-19.

Nos 12 meses seguintes, eles mexeram com diferentes combinações de mutações na superfície da proteína spike até encontrar um conjunto de 20 que parecia torná-la particularmente resistente a qualquer coisa que o sistema imunológico pudesse lançar contra ela.

Para testar este "Frankenspike" cultivado em laboratório, eles o inseriram no que os virologistas chamam de pseudotipo de vírus, que foi projetado para que não tenha material genético suficiente para se replicar, permitindo que os cientistas o modifiquem e entendam como ele se comporta sem qualquer risco de ele escapar.

Inicialmente, as coisas evoluíram como esperado. Quando os virologistas expuseram seu vírus recém-projetado a amostras de sangue retiradas de pessoas que se recuperaram da covid-19 ou foram vacinadas contra a doença, ele escapou habilmente de todos os anticorpos.

Mas então uma coisa incrível aconteceu. Quando eles testaram a proteína no sangue de pessoas que se recuperaram de covid-19 em 2020 e também foram vacinadas muitos meses depois, seus anticorpos conseguiram se ligar ao vírus e neutralizá-lo completamente.

"Foi realmente incrível", diz Michel Nussenzweig, professor de Imunologia Molecular da Rockefeller e um dos envolvidos no projeto.

"Uma das coisas mais importantes que aprendemos com a pandemia é como a resposta do nosso sistema imunológico difere dependendo de termos sido naturalmente infectados, vacinados ou ambos".

(Isso não significa que seja uma boa ideia se infectar intencionalmente, pois toda infecção traz riscos.)

Ao longo dos últimos quatro meses, as descobertas da equipe da Rockefeller foram observadas na vida real.

As pessoas que se recuperaram de uma infecção por covid-19 no passado e foram vacinadas parecem ser mais resistentes a novas variantes, da delta à ômicron.

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As células B foram descobertas pela primeira vez

 em galinhas na década de 1960

Os imunologistas coletaram amostras de sangue desses indivíduos e descobriram que eles tinham uma espécie de "superimunidade", batizada pela comunidade científica de imunidade híbrida.

Essas pessoas não apenas produzem níveis enormes de anticorpos, muito mais do que aqueles que acabaram de receber uma dose dupla e a dose de reforço, como também uma gama muito mais diversificada de anticorpos, que têm maior chance de encontrar pontos fracos virais.

Um estudo recente de cientistas de Boston e da África do Sul descobriu que pessoas que haviam sido infectadas anteriormente, antes de receberem duas doses da vacina e um reforço, tinham maior imunidade contra a variante ômicron, a coisa mais próxima ao vírus artificial da Rockefeller que se observou na vida real.

"Uma vez que as pessoas que tiveram covid-19 são vacinadas com uma vacina de mRNA, elas produzem uma resposta de anticorpos três vezes maior do que aquelas que receberam a vacina sem infecção prévia", explica Nussenzweig.

Mas a razão pela qual essas pessoas mostram respostas tão fortes é devido a uma faceta há muito negligenciada do nosso sistema imunológico, um tipo de glóbulo branco conhecido como células B de memória.

Essas células são geradas em resposta a um vírus e conseguem lembrar disso caso o patógeno retorne. Por muito tempo, sabíamos relativamente pouco sobre essas células e como elas se comportavam.

Mas por meio de pesquisas sobre HIV, ebola, doenças autoimunes e, agora, covid-19, estamos começando a entender como elas são vitais para determinar nossas respostas a infecções e vacinas.

Das galinhas ao HIV

Na década de 1890, o fisiologista alemão Emil von Behring, um homem que ficou conhecido como "o salvador das crianças" devido ao seu trabalho vencedor do Prêmio Nobel sobre tratamentos para tétano e difteria, propôs a existência de células que pudessem se lembrar de encontros passados com um infecção específica e gerar anticorpos ao topar com ela novamente.

Levaria mais 70 anos para que se observasse sinais das ideias de von Behring. Na década de 1960, os imunologistas descobriram que as galinhas cuja bursa, um importante órgão imunológico das aves, havia sido destruída pela radiação, não possuíam certas células necessárias para produzir anticorpos.

Elas ficaram conhecidas como células derivadas de bursa ou células B.

Em meados da década de 1970, descobriu-se que essas células são formadas em humanos na medula óssea, antes de migrar para os gânglios linfáticos ou para o baço.

Agora sabemos que, ao longo de nossas vidas, estamos constantemente produzindo novas células B.

O corpo contém até cerca de 10 bilhões delas, e cada célula B contém receptores que podem reconhecer diferentes tipos de formas de antígenos na superfície de um vírus.

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Evidências sugerem que as vacinas de mRNA provocam uma resposta mais forte

 das células B de memória contra a covid-19 do que outros tipos de vacinas

Isso é importante porque, embora as células B não se liguem aos vírus, elas podem se transformar em células plasmáticas quando detectam uma ameaça.

Essas células plasmáticas produzem anticorpos direcionados contra o mesmo antígeno viral que sua célula B nativa.

Um grupo menos diversificado de células B significa menos anticorpos que podem ser capazes de neutralizar o vírus.

Uma das coisas que a covid-19 ensinou aos imunologistas é que as pessoas que têm uma maior diversidade de células B estão melhor equipadas para combater um novo patógeno e, em particular, as variantes em constante evolução da covid-19.

Isso é afetado pela idade, por condições de saúde subjacentes e também simplesmente pela genética.

"Todo mundo terá um repertório diferente de células B para responder a qualquer infecção", diz Ali Ellebedy, professor associado de patologia e imunologia da Escola de Medicina da Universidade de Washington.

À medida que envelhecemos, duas coisas acontecem com a resposta das células B. Primeiro, o corpo começa a produzir uma variedade menor de células B, o que significa que é menos provável que elas tenham receptores que reconheçam antígenos em uma célula.

E, mais importante, elas demoram mais para se mobilizar contra uma ameaça, de modo que patógenos particularmente letais podem sobrecarregar o sistema imunológico antes que ele entre em ação.

São esses mesmos fatores que tornaram as pessoas mais jovens com condições de saúde subjacentes mais vulneráveis à covid-19.

Mas quando seu corpo luta contra uma infecção ou recebe uma vacina, ele desencadeia um truque imunológico inteligente.

Algumas das células B se tornam as chamadas "células B de memória", que podem circular na corrente sanguínea por décadas, prontas para serem reativadas e lançarem uma resposta de anticorpos caso o vírus retorne.

Esses anticorpos também desempenham um papel na supressão de infecções crônicas que permanecem latentes no corpo durante grande parte de nossas vidas, como o vírus Epstein-Barr.

Parece que esses vírus são capazes de se reativar quando o corpo está enfraquecido, como parece ser o caso de uma proporção de pacientes de covid-19 longa.

Mas há muitas nuances na resposta das células B de memória. Uma das coisas que os imunologistas aprenderam com estudos de sobreviventes do ebola é que infecções graves parecem provocar um número muito maior de células B de memória do que apenas vacinas.

"Quando você tem uma infecção grave, as células do seu corpo produzem uma grande quantidade de vírus", diz Nussenzweig.

"Está em todo o sistema respiratório, nariz, pulmões, vias aéreas superiores, mucosa. Todo o sistema imunológico está envolvido na resposta e está respondendo a todos os elementos desse vírus, por isso as infecções naturais podem levar a uma melhor memória do sistema imunológico."

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As pessoas que foram vacinadas contra a covid-19 e expostas 

ao vírus podem ter uma "imunidade híbrida" benéfica

Nos últimos seis meses, Nussenzweig vem estudando as sutis diferenças entre a infecção natural por covid-19 e a vacinação.

Ao isolar centenas de células B de memória de pessoas que foram infectadas ou vacinadas em vários momentos, ele descobriu que a infecção natural parece resultar em células B de memória que evoluem continuamente.

Isso significa que elas produzem anticorpos com maior probabilidade de proteger contra novas variantes do vírus.

A principal revelação para os imunologistas é que esse efeito ocorre mais fortemente quando as pessoas foram infectadas e vacinadas depois.

Os cientistas estão agora procurando entender se podemos ajustar os regimes de vacinação de tal forma que os imunizantes sozinhos possam provocar essa resposta de imunidade híbrida.

Caso seja possível, isso poderia fornecer uma arma crucial contra novas variantes da covid-19 e futuras pandemias.

A próxima pandemia

Em 2007, um grupo de pesquisadores da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, nos Estados Unidos, embarcou em uma missão para tentar entender por que algumas respostas imunes a certas infecções ou vacinas parecem durar mais do que outras.

Eles compararam os anticorpos produzidos por várias tecnologias de vacinas comuns, desde a contra o sarampo, que é administrada a pessoas com uma forma enfraquecida do vírus completo, até as contra tétano e difteria, que contêm antígenos virais, junto com anticorpos gerados por patógenos comuns, como Epstein-Barr ou citomegalovírus.

O artigo resultante mostrou que a vida média dos anticorpos varia drasticamente dependendo do tipo específico de vírus ou vacina.

Embora os anticorpos gerados para suprimir o citomegalovírus pudessem permanecer no corpo quase indefinidamente, a resposta ao tétano diminuiu após alguns anos.

"Isso nos mostrou que a programação celular que dá origem às células B de memória é muito diferente, dependendo da natureza da infecção ou do imunógeno", diz John Wherry, diretor do Instituto de Imunologia da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos.

Agora, a covid-19 proporcionou uma oportunidade única de comparar diferentes tecnologias de vacinas para o mesmo vírus para tentarmos entender o que leva à resposta imune mais duradoura e eficaz, observando como as células B de memória respondem ao longo do tempo.

Até agora, parece que as vacinas de RNA mensageiro, como as feitas por Pfizer, Moderna e Novartis, parecem funcionar melhor, embora os pesquisadores ainda estejam tentando descobrir exatamente o porquê.

"Estas vacinas produzem uma resposta de células B de memória muito mais robusta", explica Ellebedy. "Se você compará-las com a vacina da gripe, por exemplo, a resposta é pelo menos dez vezes maior."

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Os cientistas estão trabalhando em uma nova geração

 de vacinas que geram células B de memória

A intrigante descoberta da imunidade híbrida nos últimos meses levou os cientistas a analisar diferentes regimes de vacinas contra covid-19 para descobrir se misturar e combinar várias injeções pode provocar uma resposta imune igualmente poderosa.

Nussenzweig observa que os primeiros dados concretos sobre isso começarão a surgir no final de 2022 e podem nos ajudar a entender a melhor forma de usar vacinas e doses de reforço contra outros vírus, da gripe ao HIV.

"Teremos muitos dados clínicos e imunológicos que nos informarão sobre as melhores práticas", diz ele.

"Por exemplo, se dermos uma injeção de reforço a pessoas que não foram infectadas, isso fortalece suas células B de memória em cima dos anticorpos que já estão circulando? Essas pessoas serão mais capazes de lidar com uma infecção subsequente por covid-19?"

Wherry prevê que a crescente compreensão das células B em geral por meio da covid-19 também pode levar a benefícios no campo da imunoterapia contra o câncer.

Ele explica que agora sabemos que as células B produzem anticorpos contra certas partes de tumores, assim como fazem contra um vírus.

As células B também trabalham em conjunto com outros atores do sistema imunológico, como células T e células dendríticas, para criar um ambiente benéfico para atacar o tumor, e um dos objetivos das futuras imunoterapias é estimular a interação entre essas células.

"Essa pequena interação de três células está associada a um melhor resultado para todas as terapias contra o câncer", observa ele. "Toda vez que isso acontece, a resposta é melhor."

Saber a melhor forma de ativar nosso sistema imunológico também desempenhará um grande papel em permitir que os sistemas de saúde respondam rapidamente e reduzam a mortalidade quando a próxima pandemia ocorrer, algo que a maioria dos cientistas acredita ser inevitável.

"Haverá uma próxima vez", diz Nussenzweig. "Três vírus da SARS surgiram nos últimos 20 anos e causaram grandes problemas. Não sabemos o que acontecerá a seguir, então, temos que estar preparados."


Coronavírus infecta pênis, testículos e próstata de macacos em estudo dos EUA

 Lucas Rocha

CNN Brasil

Evidências de que a infecção pelo SARS-CoV-2 pode afetar negativamente a saúde sexual masculina e a fertilidade aumentam a cada dia

  Getty Images

Estudos clínicos sugerem que 10% a 20% dos homens infectados por 

SARS-CoV-2 apresentam sintomas relacionados à disfunção do trato genital

Descrita inicialmente como uma infecção viral do trato respiratório, a Covid-19 mostrou-se capaz de provocar danos a diferentes órgãos para além dos pulmões, incluindo o coração, os rins e o cérebro.

Um estudo em animais, conduzido por pesquisadores dos Estados Unidos, revelou que o SARS-CoV-2, vírus causador da doença, é capaz de infectar diferentes tecidos do trato genital masculino. A pesquisa com macacos rhesus contaminados mostrou que o vírus atingiu a próstata, os testículos e o pênis.

Para identificar a capacidade de infecção viral, os pesquisadores utilizaram uma técnica de tomografia computadorizada de corpo inteiro dos animais. Embora os cientistas não soubessem o que poderiam encontrar, eles esperavam detectar o vírus em locais como os pulmões e o nariz, devido às características de transmissão da doença.

 “Mas o sinal que saltou para nós foi a disseminação completa através do trato genital masculino”, disse o pesquisador Thomas Hope, professor de biologia celular e do desenvolvimento da Northwestern Feinberg School of Medicine, em Chicago, em um comunicado. “Não tínhamos ideia de que o encontraríamos lá”.

Evidências de que a infecção pelo SARS-CoV-2 pode afetar negativamente a saúde sexual masculina e a fertilidade aumentam a cada dia.

No Brasil, um grupo de pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), coordenado pelos professores Paulo Saldiva e Marisa Dolhnikoff, da Faculdade de Medicina, identificou que o novo coronavírus é capaz de invadir todos os tipos de células dos testículos, causando lesões que podem prejudicar a função hormonal e a fertilidade.

Para chegar ao resultado, os especialistas brasileiros realizaram a autópsia dos tecidos testiculares de 11 pacientes, com idade entre 32 e 88 anos, que morreram devido a complicações da Covid-19.

“Vimos por microscopia eletrônica que o coronavírus invadiu todas as células do testículo. O vírus está presente nas células que produzem espermatozoides, chamadas Sertoli, nas células que produzem testosterona, chamadas de Leydig, nos vasos sanguíneos e no arcabouço que dá suporte ao testículo”, explicou o pesquisador e médico andrologista Jorge Hallak, professor da Faculdade de Medicina e coordenador do Grupo de Estudos em Saúde do Homem do Instituto de Estudos Avançados da USP.

Cuidados adicionais na prevenção

O estudo norte-americano mostra como o vírus pode causar impactos na próstata, pênis, testículos e na vasculatura testicular. Os resultados foram publicados em formato preprint, sendo considerados uma pesquisa preliminar até a publicação em um periódico revisado por outros especialistas.

“Esses resultados indicam que a dor testicular, disfunção erétil, hipogonadismo, redução da contagem e qualidade de espermatozoides e diminuição da fertilidade associada à infecção por SARS-CoV-2 são uma consequência direta da infecção das células do trato reprodutivo masculino e não mecanismos indiretos, como febre e inflamação”, disse Hope.

O pesquisador destacou que outros vírus como o Paramyxovirus, causador da caxumba, Ebola, Zika e o o SARS-COV-1 também podem infectar tecidos do trato genital masculino e afetar negativamente a fertilidade. A infecção por caxumba, por exemplo, é amplamente conhecida pela possibilidade de causar esterilidade masculina.

“Mesmo que seja apenas uma pequena porcentagem dos infectados, representa milhões de homens que podem sofrer um impacto negativo em sua saúde sexual e fertilidade”, disse Hope.

Estudos clínicos sugerem que 10% a 20% dos homens infectados por SARS-CoV-2 apresentam sintomas relacionados à disfunção do trato genital. Isso sugere que dezenas de milhões de homens que foram infectados, especialmente aqueles que tiveram Covid-19 grave, devem buscar avaliação médica como medida preventiva.

“O impacto potencial da infecção por SARS-CoV-2 na saúde sexual e reprodutiva deve fazer parte da decisão de todos de se vacinar para minimizar a chance de morte, doença grave e hospitalização e infecção da próstata, pênis, testículos e vasculatura (suprimento sanguíneo) de testículos”, disse o pesquisador.


OMS aconselhou a Ucrânia a destruir patógenos para evitar propagação de doenças

 Diego Ferron

ISTOÉ Dinheiro

© Reprodução 

Como muitos outros países, a Ucrânia tem laboratórios de saúde pública

 pesquisando como mitigar as ameaças de doenças perigosas que afetam animais e humanos 

A Organização Mundial da Saúde aconselhou a Ucrânia a destruir patógenos de alta ameaça alojados nos laboratórios de saúde pública do país para evitar “qualquer derramamento potencial” que espalharia doenças entre a população, disse a agência nesta quinta-feira (10).

Especialistas em biossegurança dizem que o movimento de tropas da Rússia para a Ucrânia e o bombardeio de suas cidades aumentaram o risco de fuga de patógenos causadores de doenças, caso alguma dessas instalações fosse danificada.

Como muitos outros países, a Ucrânia tem laboratórios de saúde pública pesquisando como mitigar as ameaças de doenças perigosas que afetam animais e humanos, incluindo, mais recentemente, o Covid-19. Seus laboratórios receberam apoio dos Estados Unidos, da União Europeia e da OMS.

A OMS não disse quando fez a recomendação nem forneceu detalhes sobre os tipos de patógenos ou toxinas alojados nos laboratórios da Ucrânia. A agência também não respondeu a perguntas sobre se suas recomendações foram seguidas.


CNN Sinais Vitais mostra como a medicina avança na recuperação da visão

 Lucas Rocha e  Michelle Trombelli

 CNN Brasil

Falta de óculos e a catarata são responsáveis por 74,8% de todos os casos de deficiência visual no país, de acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia


Uma esfera de apenas 24 milímetros de diâmetro e com peso de 7 gramas e meio. Um dos órgãos mais preciosos para a sobrevivência dos seres humanos ao longo da história e para o convívio social. É a partir dos olhos que uma pessoa estabelece cerca de 90% do contato com o mundo exterior.

O CNN Sinais Vitais desta semana mostra os recursos da medicina para trazer de volta a visão de pacientes com diferentes quadros clínicos.

A reprise do programa apresentado pelo cardiologista Roberto Kalil, vai ao ar na quarta-feira (2), às 22h30, logo após o Jornal da CNN, na faixa nobre da CNN Brasil.

O episódio apresenta as principais causas de cegueira reversível e os caminhos para que os pacientes consigam voltar a enxergar. A falta de óculos juntamente com a catarata são as principais condições que impossibilitam as pessoas de ver adequadamente.

De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, os dois problemas, facilmente tratados, são responsáveis por 74,8% de todos os casos de deficiência visual no país. “É inacreditável que existam pessoas no Brasil que não enxergam por falta de óculos. Vivemos um momento de grande avanço da tecnologia, e as pessoas não têm acesso a algo tão básico”, afirma Kalil.

O acesso à oftalmologia ainda é restrito no país porque a especialidade não faz parte da atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS). O programa acompanhou alguns serviços de ponta que atendem pelo SUS e que conseguem devolver a visão aos pacientes.

“Hoje, a gente consegue, com a ajuda de um celular e um técnico de enfermagem, tirar uma fotografia do fundo de olho do paciente que está na periferia. A imagem é enviada para cá e analisada por um médico. Já fizemos 80 mil exames desse tipo pelo SUS. Aí só precisam vir para consulta aqueles cuja imagem indicou alteração”, conta Rubens Belfort Junior (veja entrevista no vídeo acima), presidente do Instituto da Visão, ligado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O retorno da visão

No episódio, a equipe acompanha uma cirurgia de catarata e o exato momento em que uma jovem volta a enxergar, depois de um transplante de córnea. O programa mostra também um dos maiores Bancos de Olhos do mundo, que fica em Sorocaba, no interior de São Paulo.

“Muitas vezes, o paciente do SUS com problemas na córnea fica aguardando encaminhamento, mas não precisa. Pode se inscrever no nosso site e terá um atendimento inicial por telemedicina. Confirmando que é uma pessoa que realmente precisa de transplante, ela rapidamente entra na fila de espera”, explica Edil Vidal De Souza, superintendente do Banco de Olhos de Sorocaba.

Para o professor titular de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da USP, Remo Susanna Junior, além de recuperar a visão, o grande desafio da sua profissão é impedir que as pessoas fiquem cegas. “Ajudar alguém a voltar a enxergar é muito gratificante. Mas evitar que isso aconteça é ainda mais. Já sabemos que mais de 90% dos casos de cegueira são evitáveis, desde que as pessoas tenham acesso ao especialista e ao tratamento”, diz ele.

Adolescentes obesos, tabagistas ou ansiosos envelhecem quase três meses mais rápido por ano

 Kristen Rogers

CNN Brasil

Pesquisa acompanhou grupo por 42 anos e descobriu que tabagismo, obesidade ou distúrbios psicológicos os fez envelhecer mais rápido comparado aos pares

 Andrew Measham/Unsplash

Se você era obeso, fumava ou teve um distúrbio psicológico na adolescência, poderá envelhecer mais rápido do que seus colegas quando adulto, descobriu uma nova pesquisa.

Adolescentes de 11 a 15 anos que eram obesos, fumavam cigarros diariamente ou tinham um distúrbio psicológico, como ansiedade, depressão ou TDAH, envelhecem biologicamente quase três meses mais rápido do que seus pares a cada ano, de acordo com um estudo publicado nesta segunda-feira (28) na revista Jama Pediatrics.

A pesquisa utilizou dados de 910 pessoas que fizeram parte do Dunedin Study, uma investigação de longo prazo que rastreou a saúde e o comportamento de participantes nascidos entre abril de 1972 e março de 1973 em Dunedin, na Nova Zelândia, acompanhando-os desde os 3 anos até os 45 anos.

Aos 45 anos, o novo estudo descobriu que os participantes que tiveram quando eram adolescentes dois ou mais desses três problemas gerais de saúde – tabagismo, obesidade ou distúrbios psicológicos – andavam 11,2 centímetros por segundo mais devagar, tinham uma idade cerebral mais avançada em dois anos e meio, e tinham uma idade facial mais avançada por quase quatro anos do que aqueles que não tiveram esses problemas.

Os fatores que os pesquisadores usaram para medir o envelhecimento incluíram índice de massa corporal, relação cintura-quadril, exames de sangue, hormônios para regulação do apetite e armazenamento de gordura, pressão arterial, colesterol, cárie dentária, doença periodontal, aptidão cardiorrespiratória e ressonâncias magnéticas cerebrais.

O estudo também examinou um quarto problema de saúde, com resultados muito diferentes. Os participantes que tiveram asma durante a adolescência – a maioria dos quais foram tratados – não eram biologicamente mais velhos aos 45 anos, em comparação com aqueles sem asma. Esses achados permaneceram constantes mesmo quando os autores consideraram possíveis fatores de confusão, como desvantagens socioeconômicas ou experiências adversas na infância.

“Isso aumenta a pesquisa anterior, expandindo-a para essas quatro condições, das quais descobrimos apenas que três estavam associadas ao envelhecimento acelerado”, disse o primeiro autor do estudo, Kyle Bourassa, pesquisador de psicologia clínica e pesquisador avançado do Durham VA Health Care System. Este estudo “mostra que essas condições têm efeitos independentes, de modo que cada uma delas está exercendo sua própria associação com o envelhecimento posteriormente”.

Os pesquisadores esperavam que a identificação de condições de saúde na adolescência associadas ao envelhecimento mais rápido pudesse ajudar os profissionais médicos a retardar o envelhecimento e prevenir problemas de saúde mais tarde na vida, de acordo com o estudo.

Fatores por trás do envelhecimento mais rápido

Existem várias razões pelas quais o tabagismo, os distúrbios psicológicos e a obesidade podem acelerar o envelhecimento, disseram os autores: todos podem afetar fatores relacionados ao envelhecimento acelerado, como maior inflamação e estresse oxidativo, um desequilíbrio entre radicais livres e antioxidantes no corpo. Os radicais livres são moléculas instáveis de fontes ambientais, como fumaça de cigarro ou pesticidas, que podem danificar as células do corpo.

“Há um longo histórico desse tipo de pesquisa em termos de como fumar é prejudicial ao nível celular, mas também pode resultar em tipos de condições de saúde que associamos ao envelhecimento biológico, como (doença pulmonar obstrutiva crônica), câncer de pulmão, coisas do tipo”, disse Bourassa.

Pessoas com problemas de saúde mental são mais propensas a se exercitar menos ou ter uma dieta pobre, que têm sido associados a um envelhecimento mais rápido, disse Jasmin Wertz, pós-doutoranda da equipe Moffitt & Caspi, Universidade de Duke, na Carolina do Norte.

“Pensamos na depressão como uma doença que se origina no cérebro com distúrbios químicos e coisas assim. Mas a depressão provavelmente é uma doença sistêmica que afeta todo o corpo”, disse o Dr. Brent Forester, chefe da Divisão de Psiquiatria Geriátrica do Hospital McLean, em Massachusetts, em uma entrevista anterior à CNN.

“Quanto mais tempo eu faço esse trabalho, e quanto mais tempo eu trabalho com adultos mais velhos em particular, mais eu penso na doença psiquiátrica não como um distúrbio cerebral, mas como um distúrbio do corpo inteiro”, disse Forester, que não está envolvido no novo estudo.

Uma possível razão pela qual os participantes com asma se saíram melhor do que aqueles com outras condições pode ser que, na década de 1980, a asma era melhor gerenciada do que as outras três condições, disseram os autores do estudo.

“Nenhum participante deste grupo recebeu prescrição de estimulantes para transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, e inibidores seletivos de recaptação de serotonina ainda não estavam em uso para depressão e ansiedade em adolescentes durante o período do estudo”, escreveram os autores.

“Enquanto que 81,1% dos adolescentes com asma receberam algum tipo de tratamento, o que poder ter atenuado as implicações para o envelhecimento biológico”.

“A esperança é que, se estudarmos um grupo agora, uma proporção muito maior dessas crianças e adolescentes será realmente tratada por essas coisas, o que reduzirá o risco de envelhecimento acelerado mais tarde na vida”, disse Bourassa.

“Nosso artigo reafirma que esses são tratamentos importantes e que esses tipos de investimentos na vida útil mais jovens podem gerar grandes benefícios em termos de saúde e custo dos cuidados de saúde mais tarde também”.

Contrariando o risco do envelhecimento mais rápido

 Obter tratamento precoce para adolescentes que experimentam qualquer uma dessas condições pode beneficiar a saúde mental e física, disse Bourassa.

“Sabemos que o envelhecimento acelerado está associado a problemas de saúde em uma ampla gama de condições”, disse Bourassa. Esses efeitos, acrescentou, podem incluir maior risco de declínio cognitivo, mortalidade precoce, desenvolvimento de doenças crônicas e doenças que progridem em um ritmo mais rápido.

“Se pudermos tratar essas condições, retardar o envelhecimento das pessoas, isso trará benefícios à saúde ao longo da vida e basicamente em todo o corpo delas”, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.


Criminosos vão hackear seu DNA, diz ex-futurista do FBI

 Lucas Agrela, 

EXAME.com

Thinkstock 

DNA: sequenciamento genético permite criação de ameaças personalizadas

São Paulo – Nem o seu DNA estará seguro. De acordo com Marc Goodman, ex-futurista do FBI, será possível criar armas químicas que atingem somente pessoas específicas.

Entusiasta do avanço científico, Goodman, que era policial de rua em Los Angeles no começo da carreira, vê a tecnologia como uma faca de dois gumes. Ele acredita que com a popularização de ferramentas de biohacking, criminosos poderão criar drogas que podem matar líderes mundiais em instantes.

"Com o sequenciamento do DNA, a engenharia genética se torna tão simples quanto a de software", segundo o futurista.

Além disso, ele prevê que os assaltos podem se tornar mais tecnológicos. Uma pessoa com marca-passo com Wi-Fi pode ser chantageada e precisar entregar seus bens ou então receber um choque em seu coração que tirará sua vida, possivelmente, sem deixar rastros, de acordo com Goodman.

Depois de atuar no segmento de prevenção contra crimes tecnológicos no FBI, no Serviço Secreto dos Estados Unidos e na Interpol, Goodman escreveu um livro chamado Future Crimes (HSM), em que descreve o cenário atual das ameaças cibernéticas e prevê, com embasamento científico, o que está por vir – e o que devemos fazer para enfrentar essa nova realidade.

"Criminosos adotam novas tecnologias antes dos mocinhos", diz Goodman, que cita criminosos que já usam drones para vigiar policiais ou para entregar drogas.

EXAME.com conversou com Marc Goodman, durante o lançamento de seu livro no evento HSM Expomanagement 2015, em São Paulo. Confira os principais trechos da entrevista a seguir.

Primeiramente, como você vê o cibercrime no Brasil?

Os crimes virtuais são os principais, em termos econômicos, no Brasil. As empresas brasileiras perdem mais dinheiro do que de todas as outras maneiras. No ano passado, o cibercrime custou 8 bilhões de dólares aos negócios brasileiros. 

Tecnologias de autenticação por reconhecimento facial ou biometria podem reduzir os números da criminalidade virtual?

Talvez. Todas essas novas tecnologias, como a biometria, reconhecimento facial, impressões digitais, scanner de vista, são o que há de mais novo nesse segmento. No caso das impressões digitais, você não está guardando apenas uma representação matemática do seu dedo no seu computador ou smartphone. E esses dados podem ser hackeados, portanto, sistemas biométricos podem ser subjugados. No Future Crimes, eu cito um caso que acontece em um hospital no Brasil. Os funcionários, médicos e enfermeiras, precisavam bater ponto com a digital. Mas esse era um hospital público e algumas pessoas não queriam trabalhar, então, uma pessoa fez um dedo de borracha e batia o ponto por todos os outros. Os criminosos são muito criativos e podem hackear qualquer tipo de sistema.

Por que o crime virtual é tão grande no Brasil?

Por muitas razões. Os brasileiros são muito criativos e, por muito tempo, o país não tinha leis claras para punir os crimes na internet. Se você cometer um crime na web, suas chances de ir para a prisão são mínimas. Fora isso, há altos níveis de pirataria de software no Brasil e quando as pessoas baixam esses programas pirateados de graça, eles colocam em suas máquinas softwares que tem muitas brechas, arquivos maliciosos e bugs que tornam os computadores vulneráveis. Por fim, o público não foi devidamente educado sobre o cibercrime. Pessoas mais velhas não conhecem táticas como o phishing ou links mal intencionados, então, é muito fácil enganar o público. Além disso, há a questão do boleto bancário ser uma forma de pagamento popular. No ano passado, mais de 4 bilhões de dólares foram roubados de empresas nacionais por conta disso. 

Na sua visão, para onde vai todo esse dinheiro roubado?

Ele vai para o crime organizado. Aqui, a maior parte dos crimes online são cometidos por brasileiros, o que é único. Por exemplo, nos Estados Unidos e na Europa, o cibercrime é praticado a partir de países como Rússia, Ucrânia, Romênia e China. Aliás, os EUA também têm muitos cibercriminosos, mas, no Brasil, o número é maior, é algo em torno de 60%. 

Vi uma palestra sua no TED Talks, e você disse acreditar que será possível hackear o DNA humano para criar ameaças voltadas a pessoas específicas. Como isso pode acontecer mesmo?

Meu livro de chama Future Crimes porque as pessoas estão olhando somente para trás. Quero que elas olhem para frente e vejam aonde essa tecnologia está nos levando. Toda vez que uma nova tecnologia é criada, como Internet das Coisas, Big Data, inteligência artificial, algoritmos, biologia sintética, os criminosos encontram uma forma de utilizá-las. Aqui mesmo já vimos casos de criminosos tentanto entregar drogas ou mesmo vigiar a polícia usando drones. Se alguém cria um robô, os criminosos vão aprender a usá-lo. Temos que ser espertos com a nossa tecnologia e buscar formas de proteger nossos sistemas, porque eles serão abusados.

Na biologia sintética, vamos ver muitos crimes diferentes. O maior é o chamado biohacking, que era restrito a professores em laboratórios ou governos. Mas, de forma semelhante 30 anos atrás, criminosos criaram computadores em suas casas antes mesmo que as pessoas os tivessem. Só que vimos que as pessoas conseguiram fazer coisas boas com computadores. Hoje, temos mais biohackers. O preço do equipamento diminuiu e está se tornando acessível. E os biohackers são como as pessoas com os primeiros computadores em casa. Estão tentando fazer algo bom, coisas interessantes, buscando, quem sabe, a cura do câncer. Mas com a popularização dessas ferramentas, vamos começar a ver alguns maus elementos criando novas formas de armas biológicas ou drogas.

A impressão 3D também é uma ameaça nesse sentido?

Sim, é possível imprimir armas e muitas outras coisas. Além disso, a impressão 3D será muito importante para os falsificadores de produtos. Hoje, você pode piratear filmes, músicas e livros. Eles poderão criar réplicas perfeitas de um rolex ou de um tênis. Isso pode custar bilhões às empresas.

O Future Crimes tem uma mensagem importante para os brasileiros?

Venho muito ao Brasil e sei que vocês são muito inovadores. A economia do futuro será construída com base na tecnologia descrita no livro. E é importante que os brasileiros entendam a internet das coisas, inteligência artificial e os algoritmos porque eles vão construir o futuro do país. É preciso encontrar os líderes científicos nacionais que serão responsáveis por levar o país a esse futuro. Mas como temos muito cibercrime, é preciso ter políticas e instrumentos legais que protejam contra o crimes na internet. Os donos de negócios precisam entender com o que estão lidando e o Future Crimes pode ajudar a trazer esse conhecimento.


Café reduz risco de doenças -- até o descafeinado

 Da redação

Veja online

De acordo com um estudo de Harvard, tomar entre 3 e 5 xícaras da bebida diariamente protege contra morte prematura por doenças cardíacas, diabetes e mal de Parkinson

 (VEJA.com/Thinkstock)

O consumo moderado de café (3 a 5 xícaras por dia) foi associado à redução do risco de morte por doença cardiovascular, diabetes tipo 2, doenças neurológicas como o Parkinson, e o suicídio

Beber entre três e cinco xícaras de café por dia reduz o risco de morte prematura por doenças cardíacas, suicídio, diabetes ou mal de Parkinson. Tanto a versão comum da bebida quanto a descafeinada são benéficas. É o que diz um estudo publicado segunda-feira, na revista científica Circulation.

"Componentes bioativos presentes no café reduzem a resistência à insulina e a inflamação sistemática. Isso poderia explicar alguns dos nossos resultados", disse Ming Ding, principal autora do estudo e doutoranda do departamento de Nutrição de Harvard.

O trabalho, conduzido por pesquisadores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, baseou-se em relatos sobre condições médicas e hábitos de 208.501 mil enfermeiros e outros profissionais de saúde, ao longo de 30 anos. A partir dessas informações eles compararam os resultados de pessoas que não bebiam café, ou que ingeriam menos de duas xícaras por dia, com aquelas que consumiam até cinco xícaras diárias.

Os resultados mostraram que o consumo moderado de café foi associado à redução do risco de morte por doença cardiovascular, diabetes tipo 2, doenças neurológicas como o Parkinson, e o suicídio. Embora estudos anteriores tenham apontado uma redução entre o consumo de café e um risco menor de câncer, nesta pesquisa não foi encontrado nenhum efeito protetor contra o a doença.

Apesar da clara associação, os autores ressaltam que ainda não foi constatada nenhuma relação de causa e efeito entre o café e a redução do desenvolvimento de certas doenças. Mesmo assim eles recomendam o consumo. "O consumo regular de café pode ser incluído como parte de uma dieta saudável e balanceada. Mas, algumas populações como grávidas e crianças devem tomar cuidado com o consumo elevado de cafeína proveniente do café e outras bebidas. ", disse Frank Hu, professor de nutrição e epidemiologia em Harvard.


Qual o papel do cérebro e do humor em nossa resposta imune

 Margarita Rodríguez

BBC News Mundo

 CRÉDITO,GETTY IMAGES

"Passei os últimos 30 anos me preocupando sobre como o cérebro interage com o sistema imunológico e como o sistema imunológico interage com o cérebro", diz Daniel Anthony, professor de neuropatologia experimental da Universidade de Oxford, na Inglaterra, à BBC Mundo.

Jonathan Kipnis, professor de patologia e imunologia da Universidade de Washington em St. Louis, Estados Unidos, teve a mesma preocupação.

"Minha obsessão é entender como o cérebro e o sistema imunológico se comunicam na saúde e na doença."

No Oriente Médio, Asya Rolls, pesquisadora e professora do Technion-Israel Institute of Technology, também busca respostas há algum tempo.

"Intuitivamente estamos cientes de que o cérebro afeta a imunidade", diz o site do laboratório que ele lidera.

E é isso, diz ele à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC), "em geral, supõe-se que o cérebro está envolvido em tudo o que acontece no corpo porque é o regulador central de todas as reações".

Mas a verdade é que, segundo Kipnis, "só agora estamos aprendendo como os dois sistemas interagem".

"É muito emocionante, mas ainda estamos no começo", diz.

Cristina Koppel, neurologista do Kings College Hospital e professora do Imperial College London, na Inglaterra, acredita que "da mesma forma que estamos começando a entender as redes sociais e que o mundo está muito mais conectado, a mesma coisa acontece com a complexidade de uma rede de mensagens que o cérebro e o sistema imunológico transmitem um ao outro".

Com a ajuda desses especialistas, exploramos o que se sabe sobre o papel do cérebro na resposta imune.

O comportamento

"No mundo clínico, no hospital, vemos muitos pacientes com problemas neuroimunológicos", disse Koppel à BBC Mundo.

"E, na academia, sabemos que ambos os sistemas se comunicam - os mesmos transmissores podem falar com células imunes e células neuronais, mas ainda temos muito a descobrir."

Anthony concorda que a relação entre o cérebro e o sistema imunológico é de mão dupla.

Se pegarmos gripe ou covid-19, muitos de nós vão se sentir mal e mudar os comportamentos, que são descritos em pesquisas como "estereotipados".

"Você interrompe seu sono e em seguida passa a não querer ver as pessoas ou socializar. Assim, começa a exibir toda uma série de comportamentos que são muito característicos de algo chamado 'comportamento de doença'."

"Você se torna anedônico, ou seja, deixa de fazer as coisas que gosta, as atividades hedonistas, como beber, comer doce, se divertir."

Do ponto de vista evolutivo, explica o especialista, isso traz dois benefícios:

"Talvez ajude você a se recuperar da infecção. Mas, além disso, também envia um sinal para as pessoas ao seu redor ."

E isso é algo que você vê entre os animais, nos mamíferos em particular: quando estamos doentes, o cérebro altera nosso comportamento e começamos a priorizar o que fazemos.

"Quando você está resfriado, não começa a resolver problemas matemáticos complexos porque está cansado", diz Kipnis.

"Um animal se retira porque não quer infectar o rebanho, você também se afasta, não quer infectar a Terra".

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"Se estou estressado, ocorrem mudanças nos neurotransmissores do cérebro"

O estresse

Hans Selye foi o médico e fisiologista austro-húngaro que cunhou o termo estresse na década de 1940.

Ele mostrou que o estresse social e ambiental, além da infecção, também altera nossos comportamentos e afeta a maneira como o sistema imunológico funciona.

"É uma resposta cíclica na qual, se estou estressado, ocorrem mudanças nos neurotransmissores do cérebro, o que pode levar a um aumento do fluxo de informações para fora do cérebro e alterar a maneira como o sistema imunológico funciona", indica Anthony.

No Reino Unido, a cidade de Salisbury foi palco de uma série de experimentos no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Lá, um grupo de voluntários saudáveis foi infectado com vírus do resfriado, com o objetivo de estudar a rapidez com que desenvolveram a doença e buscar tratamentos eficazes.

Os participantes receberam um questionário e uma das perguntas era: "Você está muito ou pouco estressado?"

Ao analisar as respostas e a taxa de infecção, os pesquisadores concluíram que as pessoas que sofreram muito estresse tinham 20% mais chances de pegar um resfriado.

"Fundamentalmente, o que estamos dizendo é que o nível de estresse, neste caso social e ambiental, altera a maneira como seu sistema imunológico se comporta e o torna mais suscetível a esses resfriados".

O elemento hormonal

Estudos semelhantes foram realizados ao longo dos anos e acredita-se que é a ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrena (HHA) que faz com que o sistema imunológico seja alterado pelo estresse.

Esse eixo cobre uma área do cérebro, o hipotálamo, e ativa parte do sistema neuroendócrino.

"É um processo de várias etapas: o cérebro envia sinais para as glândulas supra-renais, que produzem cortisol, e mais cortisol pode afetar a função das células imunológicas".

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"O cérebro envia sinais para as glândulas supra-renais, que produzem 

cortisol, e mais cortisol pode afetar a função das células imunológicas"

"Essa é uma maneira pela qual o cérebro, por meio de hormônios, pode afetar o comportamento das células imunológicas: níveis muito altos de cortisol suprimem o sistema imunológico".

"Além disso, os neurônios que liberam neurotransmissores localmente no baço e na medula óssea podem alterar a maneira como as células imunológicas se comportam".

Qualquer incompatibilidade entre o sistema nervoso simpático (um dos ramos do sistema nervoso autônomo) e o eixo HPA pode levar esses sistemas às vezes a "trabalhar um contra o outro e torná-lo mais suscetível a infecções".

Uma das explicações para o estresse crônico ser ruim é porque ele faz com que seu sistema nervoso simpático não funcione corretamente, e entre "mais ativação" do eixo HPA, mais cortisol, o que o torna vulnerável à infecção.

A hipótese da memória

"Acho que, no corpo, o cérebro tem controle sobre o sistema imunológico", diz Kipnis, embora insista que eles estão apenas no começo da compreensão de como as duas partes interagem.

"Quando lidamos com um vírus ou uma infecção, o cérebro lembra como reagimos no passado. Por exemplo, ele diz ao sistema imunológico: já lidamos com isso antes e é isso que devemos fazer?".

"Esta é a pergunta de US$ 100 milhões", responde com um sorriso. "Não tenho uma resposta categórica para isso. Mas acho que o cérebro precisa se lembrar."

Ambos os sistemas trabalham com memórias: o cérebro nos ajuda a relembrar o passado e o sistema imunológico também se lembra, à sua maneira. Um exemplo disso são as imunizações.

"A vacina basicamente constrói uma memória imunológica artificial. Você diz ao sistema imunológico: se você vir esse patógeno, faça esse monte de anticorpos para poder neutralizá-lo." Assim, quando o sistema imunológico é exposto a esse patógeno pela segunda vez, ele reage.

Mas como é que o sistema imunológico de repente se torna tão eficiente e responde tão rapidamente?

"O que propomos é que talvez alguma memória imunológica também esteja sendo gravada em algum lugar do cérebro."

"E, quando o patógeno invade o corpo, o cérebro sabe porque é informado porque há uma quebra de barreiras através de nossa pele, nariz ou outra via de entrada que o patógeno toma, e ativa esse sistema imunológico específico".

No entanto, ele enfatiza:  isso é apenas uma hipótese . "Acho que ninguém provou isso."

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"Os neurônios que liberam neurotransmissores localmente no baço e na 

medula óssea podem alterar a maneira como as células imunológicas se comportam"

O que essa ideia levanta é que, se o cérebro controla o sistema imunológico, "provavelmente algumas das memórias imunológicas estão sendo registradas no cérebro".

"Seremos capazes de encontrar aquela parte do cérebro que lembra as respostas imunes? Não sei, espero que sim, mas não tenho tanta certeza."

A dificuldade em chegar à conclusões

É difícil determinar isso, ,em grande parte, porque o cérebro é um órgão extremamente complexo.

Por exemplo, sabemos exatamente qual área do cérebro evoca memórias de infância?

"Não", responde Kipnis. "Em algum momento pensamos que era uma região do cérebro, mas agora sabemos que é uma coleção deles e que cobre muitas regiões."

As memórias da infância podem ser recuperadas por nós mesmos. "Mas a memória do vírus provavelmente não é", embora possamos lembrar como nos sentimos quando fomos infectados.

Os neurônios podem "falar e entender a linguagem " das células imunes e vice-versa, porque "os dois sistemas provavelmente se comunicam muito mais do que pensamos".

No entanto, há questões fundamentais, segundo o especialista: existe um tipo de controle mais consciente? Posso recuperar uma memória dessa gripe e, portanto, quando adoecer novamente, evocar minha memória imunológica (no cérebro) da gripe e ajudar meu sistema imunológico a combater melhor a infecção?

Será que ele tem uma memória de respostas imunes em algum lugar do cérebro e elas são desencadeadas por uma reinfecção?

"Eu acho que é provável, mas ninguém definitivamente mostrou isso ainda."

Existem vários grupos de pesquisa, além do que ele dirige, que estão trabalhando nessa área, um deles em Israel.

Experimentos com roedores

A neurocientista Asya Rolls busca entender como os processos mentais podem afetar as respostas imunológicas.

O laboratório que ela lidera aponta que, embora tenha sido alcançada uma compreensão significativa dos efeitos do estresse na imunidade, "nossa compreensão das redes neurais específicas que regulam o sistema imunológico e a maneira como essa atividade é transmitida a ele é limitada" .

Com sua equipe, ela realizou vários experimentos com camundongos.

Em um deles, a equipe notou que se ativassem diretamente a área do cérebro que está envolvida nas expectativas positivas, no sistema de recompensa do cérebro, havia uma estimulação do sistema imunológico, o que tornava as células imunes mais eficientes e poderoso para matar bactérias.

"A memória imunológica em termos de anticorpos e a reação imunológica que eles geraram foi quase quatro vezes mais forte", diz ele.

"Também vimos - em outro estudo com camundongos - que apenas ativando a área do sistema de recompensa do cérebro, o tamanho de um tumor era reduzido em 40%".

"O que estamos vendo é que o cérebro parece estar ainda mais envolvido na formação de algum tipo de memória imunológica de reações imunológicas anteriores".

Vestígios na memória 

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"Quando estou feliz, meu sistema imunológico fica mais forte?

 Talvez sim, talvez não, não sabemos, não há mecanismo que explique isso"

Além da memória imunológica clássica, que é armazenada pelo próprio sistema imunológico, Rolls também acredita que outra poderia existir.

"O que observamos (em um experimento com camundongos) é que pode haver uma forma diferente e adicional de memória, que é codificada pelos neurônios".

Segundo ela, não seria um tipo de memória cognitivamente acessível, da qual conseguiríamos nos lembrar, mas poderia haver "um traço nos neurônios que representa a condição inflamatória" que ocorreu quando contraímos uma infecção.

"Conseguimos testar esse traço de memória em um estudo com camundongos, mas também há evidências em humanos", diz a pesquisadora, citando um famoso experimento em que indivíduos alérgicos ao pólen foram expostos a uma flor, sem saber que era artificial, e desenvolveram uma reação alérgica.

"Então existe algum tipo de memória, alguma representação que conecta a flor com a alergia, e isso é algo que tem que acontecer no cérebro", diz.

Rolls também está intrigado com o efeito placebo, "um fenômeno psicológico muito complexo".

Apesar do entusiasmo com que fala sobre seus estudos, a cientista alerta que devemos ter muito cuidado em "nossa interpretação do que vemos em camundongos" em relação às pessoas.

"Esses estudos podem sugerir o potencial do sistema, mas ainda temos um longo caminho a percorrer até que possam se tornar alternativas de tratamento em humanos. Estamos trabalhando nisso".

E o humor? 

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Existe um campo de pesquisa chamado psiconeuroimunologia que estuda 

a interação entre os processos psicológicos e os sistemas nervoso e imunológico

Dizem que quando nos sentimos tristes, deprimidos ou de mau humor é mais fácil pegar um resfriado. Poderíamos dizer que o cérebro está desempenhando um papel nessa circunstância?

"Sim. Quando experimentamos um estado emocional específico, por exemplo, quando não dormimos bem - que é um estado cerebral - é claro que você é mais suscetível a patógenos e a razão é porque seu sistema imunológico saudável precisa de seu cérebro", explica Kipnis.

"Os imunologistas clássicos provavelmente não estarão muito abertos a essa ideia de que o estado mental afeta o sistema imunológico, mas há algumas evidências".

De fato, existe um campo de pesquisa chamado psiconeuroimunologia que estuda a interação entre os processos psicológicos e os sistemas nervoso e imunológico.

Mas, embora existam algumas evidências, os cientistas estão tentando ir além de simplesmente reconhecer que o fenômeno existe.

"Quando você diz que ficar triste enfraquece seu sistema imunológico, eu gostaria de ver um mecanismo: o que é produzido no cérebro, qual molécula é liberada e como isso afeta o sistema imunológico para torná-lo menos funcional?"

No caso de estresse intenso, o mecanismo foi estudado.

"O estresse social aumenta a chance de desenvolver depressão e, nesse contexto, o humor deprimido é um problema porque está associado ao aumento do cortisol, que, por sua vez, está ligado à depressão", diz Anthony.

No entanto, adverte que dizer que "controlando a felicidade pessoal se pode controlar o sistema imunológico" contra infecções e doenças, é um circuito muito difícil de comprovar cientificamente.

Mais estudos são necessários para chegar a essa conclusão.

"Quando estou feliz, meu sistema imunológico fica mais forte? Talvez sim, talvez não, não sabemos, não há mecanismo que explique isso", diz Kipnis.

Por isso, especialistas como Koppel alertam que esse tipo de informação deve ser criteriosa.

" O perigo é sugerir que você pode modular seu sistema imunológico. Por que você está triste? Por que está deprimido? Você pode entrar em um ciclo vicioso e criar mais ansiedade e isso não ajuda, especialmente se estiver doente."

E insiste: "Ainda há muito o que entender sobre as conexões entre o cérebro e o sistema imunológico".

Se algo o preocupa com sua saúde e seu estado de espírito, procure a orientação de um médico ou outro profissional de saúde.


Mito ou verdade: a carne de porco tem mais colesterol?

 Exame.com

Com informações  Agência O Globo

Além de mais baratos, os cortes suínos estão entre os mais saudáveis e com pouca gordura

  (Alexandre Severo/Exame)

Foi-se o tempo em que a carne de porco era vista como uma vilã da alimentação saudável e balanceada. Diferentemente do que muitas pessoas pensam, a carne suína não tem mais colesterol que as demais. Mas, para se beneficiar deste alimento, é preciso escolher os cortes mais magros.

A nutricionista Priscilla Primi, colunista de O Globo e mestre pela Faculdade de Saúde Publica da USP, explica que, no passado, os cortes de carne suína disponíveis para a população eram os que tinham mais gordura, por exemplo, a linguiça e o salame. E, por conta disso, as pessoas associam a carne de porco a maiores níveis de colesterol.

"Antigamente, diante de pacientes com colesterol alto, os médicos e nutricionistas recomendavam cortar a carne de porco. Com as pesquisas e a evolução da produção de alimentos, começaram a ser vendidos outros cortes que têm pouca gordura na composição ou que tem tanta gordura quanto a carne de frango ou de boi", diz a nutricionista.

O lombo, a picanha e o filé mignon de porco, por exemplo, são opções de carnes magras por possuírem pouca gordura em suas composições. Em um cenário de alta no preço das carnes de boi, incluir a carne suína na dieta é uma substituição viável, pois diminui os custos sem comprometer o valor nutrivo da refeição.

Segundo Primi, a carne suína tem o mesmo valor proteico que os outros tipos de carne. Por isso, não haveria problemas, por exemplo, de comer porco todos os dias. As preparações podem ser tanto assadas quanto em bife. O único tipo de carne que não pode ser substituído é o peixe, pois possui algumas gorduras específicas que são benéficas para a saúde.

"A carne de porco tem é uma fonte proteica muito boa. Nossas melhores fontes de proteína atualmente são as de origem animal, seja da carne ou do leite, pois elas contêm todos os aminoácidos essenciais que precisamos para manter uma boa saúde", afirma Priscilla.

Muitas pessoas evitam comer a carne de porco devido ao risco de contaminação com alguns parasitas que causam doenças como a cisticercose. Outras, cozinham em excesso a carne para matar todos os tipos de micro-organismos nocivos. No entanto, Primi afirma que, atualmente, as carnes de porco vendidas em mercados e açougues possuem certificação do Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura. Por isso, não há motivo de preocupação com uma possível contaminação.

"No entanto, pessoas que criam porcos em suas propriedades ou compram de pessoas que criam sem passar pelos processos de inspeção, o que é mais comum em cidades do interior, devem continuar tomando cuidado no momento do preparo, fazendo uma cocção mais prolongada", aconselha.


Risco de infarto durante o sexo é praticamente nulo -- mesmo para cardíacos

 Da redação 

Veja online

Explicação: a atividade sexual é um exercício de baixíssima intensidade. A conclusão é de um estudo brasileiro publicado no periódico científico Canadian Journal of Cardiology

(Thinkstock/VEJA)

A atividade sexual é um exercício de baixíssima intensidade, por isso, o risco de sofrer um infarto fulminante durante a ocasião é um caso muito raro, mesmo para pessoas com problemas cardíacos

O risco de sofrer um infarto durante o ato sexual é praticamente inexistente. É o que diz um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), publicado recentemente no periódico científico Canadian Journal of Cardiology.

Os autores revisaram 130 estudos sobre sexualidade, em especial o risco de morte súbita durante a atividade sexual e concluíram que sofrer um infarto durante o sexo é muito raro, mesmo para pessoas com problemas cardíacos. Explicação: a atividade sexual se configura como um exercício de baixíssima intensidade, ao contrário do que muitos pensam.

"O gasto energético do sexo é baixíssimo. Em qualquer relação sexual, a etapa mais intensa não dura muito mais do que cinco minutos. Em geral, menos. E o orgasmo, que é o clímax, leva em média de dez a 30 segundos. Isso é muito pouco tempo para matar alguém", afirmou Claudio Gil Araújo, professor visitante sênior do Instituto do Coração da UFRJ e um dos autores do estudo, ao jornal O Globo.

De acordo com os autores, a pesquisa foi feita para embasar as orientações médicas destinadas a pacientes cardíacos. "Muitos cardiopatas são erroneamente orientados a não fazer sexo. Na verdade, apenas pacientes de altíssimo risco cardíaco deveriam se preocupar, mas, mesmo assim, apenas por algum tempo" disse Araújo. Os pesquisadores recomendam que sempre se procure um médico frente a qualquer dúvida. Em especial, os portadores de pontes de safena e stents.

Outros mitos – 

Na revisão, os pesquisadores também esclareceram outros mitos em relação à atividade sexual. Eles afirmam que, embora um indivíduo bem condicionado fisicamente faça sexo melhor no que diz respeito à resistência, força e flexibilidade, não se conquista um condicionamento físico melhor simplesmente por fazer sexo todos os dias.

Além disso, de acordo com os autores, dizer que a atividade sexual equivale a subir três lances de escada também não é verdade. "Uma relação sexual, no que diz respeito a gasto de energia, está mais para uma caminhada. E isso não tem muito a ver com a criatividade das posições adotadas", afirmou Araújo, ao jornal O Globo.


Quer viver até 100 anos? Seja positivo

 Da redação

Veja online

Um levantamento britânico revelou que a maioria das pessoas com mais de 65 anos não se considera velha. De acordo com especialistas, esse é o segredo para uma vida longa e saudável

 (Thinkstock/Thinkstock)

A maioria dos idosos britânicos afirmou se sentir até 25 anos mais jovens 

do que realmente é e 42% disseram estarem mais felizes do que nunca

Somente 5% dos idosos da Grã-Bretanha, com idade entre 65 e 92 anos, se consideram velhos. Aliás, muitos afirmaram estar mais felizes do que nunca. É o que diz uma pesquisa financiada pelo site britânico Spring Chicken, especializado em vender acessórios desenvolvidos para facilitar a vida dos idosos.

Cerca de 30% dos participantes também afirmaram que, se pudessem escolher, permaneceriam na idade atual e 22% disseram que o passar dos anos lhes trouxe um sentimento de confiança desconhecido até então. As informações são do jornal britânico The Telegraph.

"Ser 'velho' é apenas um estado de espírito. O processo de envelhecimento começa por volta dos 30 anos, mas, para a maioria das pessoas, não deveria ser um problema até os 90 anos. Entretanto, devido a uma combinação de fatores, como o envelhecimento em si, a perda da boa forma física e o desenvolvimento de doenças, as pessoas podem começar a se sentir velhas aos 65 anos", disse Muir Gray, especialista em envelhecimento e Chief Knowledge Officer do Serviço Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês) britânico, ao The Telegraph.

A pesquisa também revelou que a maioria dos idosos está fazendo tudo o que pode para cuidar da saúde conforme envelhece. Inclusive, 25% disseram que cuidam mais da pele agora, do que quando eram jovens e 28% afirmaram que fazem mais exercício do que nunca. Quase 40% dos entrevistados disseram ser "mais cuidadosos com sua dieta e alimentação" e metade afirmou jogar jogos de aptidão para o cérebro ou fazer palavras cruzadas e quebra-cabeças frequentemente.

Mas, de acordo com o especialista da NHS, o segredo para uma vida longa e saudável é adotar uma atitude positiva. "Com a perspectiva e o estilo de vida corretos, você pode reduzir o risco do desenvolvimento de doenças, minimizar os efeitos de qualquer condição que pode se desenvolver e permanecer jovem até os 90 anos ou mais", afirmou Gray.

Anna James, fundadora do Spring Chicken, ressaltou que a pesquisa comprovou a máxima seguida por muitos: "você é tão velho quanto se sente". "Queremos que a sociedade foque no que pode e deveria estar fazendo para viver mais e melhor, em vez de classificar as pessoas como velhas. É claro que existem algumas partes do corpo que funcionam pior do que quando éramos mais jovens, mas, graças aos últimos avanços há solução para a maioria destes problemas", disse ao The Telegraph.