quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Excesso de exercício pode prejudicar o coração

Emily Sohn
Discovery Brasil

Thinkstock/Dirima 


Ryan Shay estava no auge da forma física quando disputou a Maratona de Nova York em novembro de 2007, na esperança de se classificar para sua primeira participação olímpica. Menos de nove quilômetros depois, aos 28 anos de idade, ele desmaiou; logo em seguida, foi declarado morto.

Quando a necropsia revelou cicatrizes em seu coração, os cientistas finalmente chegaram à conclusão de que o exercício nem sempre é a melhor panaceia para a saúde, explica Peter McCullough, cardiologista do Centro Médico Universitário Baylor, em Dallas.

Desde então, um número crescente de pesquisas confirma que nenhum exercício do mundo é capaz de proteger o coração da má alimentação. Em alguns casos, é preciso tomar medicamentos para reduzir os fatores de risco de doenças cardiovasculares. O excesso de exercício pode até aumentar o risco de entupimento das artérias.

A mensagem é clara: não adianta comer mal só porque você está magro e em forma, nem praticar exercícios demais, independentemente da dieta.

"Havia uma falsa crença de que bastava fazer exercícios, mesmo comendo junk food, para evitar o entupimentos das artérias cardíacas", esclarece McCullough. "No entanto, alguns estudos comprovam que correr não previne os entupimentos arteriais, e que os exercícios de resistência extrema podem até promovê-los. As pessoas dizem: 'Eu corro, então posso comer o que quiser'. Isso não é verdade e temos que deixar isso para trás."

O exercício fortalece o coração e aumenta sua eficiência na transformação de oxigênio em energia, o que amplia as chances de sobrevivência a ataques cardíacos, doenças e até a acidentes de carro.

Já foi comprovado que o exercício moderado traz grandes benefícios para a saúde do coração. Estudos mostram que, quando pessoas sedentárias começam a se exercitar, mesmo se for apenas uma caminhada três vezes por semana, as mortes por doenças cardiovasculares caem até 25% e a expectativa de vida aumenta. Quem se exercita regularmente vive, em média, sete anos mais do que as pessoas sedentárias.

O exercício fortalece o coração e aumenta sua eficiência na transformação de oxigênio em energia, o que amplia as chances de sobrevivência a ataques cardíacos, doenças e até a acidentes de carro.

Mas novos estudos sugerem que praticar exercícios não evita o entupimento das artérias decorrente de uma dieta rica em gorduras saturadas. Isso contradiz a antiga visão do exercício como uma droga que protege o coração da aterosclerose – um acúmulo de placas dentro das artérias, que pode reduzir o fluxo sanguíneo e provocar infartos e derrames.

O excesso de exercício pode até aumentar o risco de desenvolver a aterosclerose. Em um estudo publicado na revista da Associação Médica do Estado do Missouri, McCullough e seus colegas usaram uma avançada tecnologia de tomografia para comparar os corações de 23 homens sedentários com os de 50 maratonistas que concluíram no mínimo 25 corridas. Os exames revelaram um volume maior de placas nos corredores de longa distância.

Os resultados se alinham aos de outras pesquisas, que comprovam que correr demais pode fazer mal. Um estudo de longo prazo publicado no ano passado, com 54 mil norte-americanos, revelou uma taxa de mortalidade menor entre as pessoas que correram de 8 a 32 km por semana. Já quem correu de 32 a 48 km por semana viveu tanto quanto os sedentários.

Ainda não se sabe por que correr demais aumenta o risco de entupimento das artérias, mas uma hipótese é que o excesso de movimentos de bombeamento pode desgastar as artérias, provocando uma espécie de fibrose.

Também é possível que os corações que se exercitam demais sofram de estresse crônico; a necessidade de reparar constantemente os danos provocados pelo excesso de radicais livres também é um fator de risco. 

Cerca de meio milhão de pessoas concluíram maratonas nos Estados Unidos no ano passado, e alguém morre em praticamente todas as grandes corridas de longa distância, revela McCullough. As novas descobertas são um sinal de alerta para os atletas que acreditam estar fazendo um favor ao organismo ao forçar seus limites. "Eu mesmo já fui maratonista, já corri maratonas em todos os estados do país", conta McCullough. "Mas me aposentei por causa dos resultados da nossa pesquisa."

Para quem pratica atividade física moderada, com duração de duas ou três horas por semana, também é importante lembrar que o exercício não é o único fator que influencia a saúde do coração, alerta Norman Lepor, cardiologista do Instituto do Coração Cedars-Sinai. Fumar, manter uma dieta rica em sal e gorduras trans e ter predisposição genética para doenças do coração também são fatores importantes. "Portanto, alguém pode estar em forma e ainda correr o risco de ter um ataque cardíaco", alerta Lepor. "Minha intenção não é criticar a prática de exercícios. Mas para algumas pessoas, o exagero pode fazer mal", alerta.

Os resultados causaram comoção na reunião da Associação Americana do Coração no ano passado, quando pesquisadores realizaram um seminário para discutir as novas descobertas, diz McCullough. Muitos médicos temiam que o público entendesse mal a mensagem sobre a prática de exercícios, que continua a ser essencial no combate às crescentes taxas de obesidade e aos problemas de saúde ligados ao sedentarismo.

Gestantes não devem beber uma só gota de álcool -- e em qualquer fase da gravidez

Da redação
Veja online

Em nova recomendação, a Academia Americana de Pediatria afirmou que as mulheres grávidas não devem consumir nada de álcool para evitar problemas no feto

(Hemera/Thinkstock/VEJA) 
O consumo de álcool no período pré-natal tem sido associado com problemas
neurocognitivos e comportamentais na criança, assim como diversas deformidades faciais 

Não há quantidade de álcool segura a ser consumida durante a gravidez. Essa é a nova recomendação da Academia Americana de Pediatria, baseada em estudo publicado no periódico científico Pediatrics.

A ingestão de bebidas alcoólicas na gestação tem sido associada a problemas neurocognitivos e comportamentais na criança, assim como a diversas deformidades faciais. O grupo de sintomas é conhecido como 'espectro de desordens fetais alcoólicas' (FASD, na sigla em inglês).

Ainda de acordo com o estudo, todas as formas de álcool representam risco ao feto. Isso porque o álcool ingerido pela gestante ultrapassa a barreira da placenta e se acumula no líquido amniótico.

De acordo com a pediatra Conceição Segre, coordenadora da obra "Efeitos do Álcool na Gestante, no Feto e no Recém-Nascido", o álcool consumido pela gestante também atinge o feto por meio do sangue do cordão umbilical, prejudicando a transferência de nutrientes e oxigênio. Cerca de uma hora depois de a gestante ingerir a bebida, o nível de álcool no sangue do feto se iguala ao medido no organismo da mãe. Mas, como o bebê tem massa corporal menor e o fígado imaturo para metabolizar a substância, calcula-se que o efeito tóxico para ele seja até oito vezes maior. As consequências dessa intoxicação permanecem a vida inteira, com intensidade variável, explicou Conceição.

Mas de acordo com os autores do trabalho, o grande problema na medicina é não haver ainda consenso em relação ao assunto. As recomendações entre os médicos variam muito de acordo com a cultura do país de origem. Além disso, alguns estudos afirmam que beber moderadamente e esporadicamente durante a gravidez não causa problemas no feto e não causa atrasos no desenvolvimento da criança.

"Os trabalhos que analisaram os riscos do consumo de bebidas alcoólicas durante a gestação e afirmaram que há não grandes problemas na ingestão de doses baixas podem ter utilizado métodos insuficientemente sensíveis para detectar as afecções. É ingenuidade afirmar que é seguro tomar bebidas alcoólicas na gravidez.", disse Janet Williams, principal autora do trabalho que embasou a decisão da Academia Americana de Pediatria.

Chupetas: o que saber para comprar com segurança

O Globo

Produto tem norma de segurança

Foto: Reprodução



Recentemente, empresas convocaram recall de chupetas que apresentaram problema em uma peça que pode causar asfixia. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) tem uma norma específica sobre a segurança do produto, com orientações que os fabricantes devem seguir para não colocar as crianças em risco. Por isso observe se o produto tem o selo

Superfície lisa e bordas arredondadas

Foto: Reprodução


O escudo (ou base) da chupeta deve ter a superfície lisa, com bordas arredondadas, em conformidade a exigência da ABNT de não ter borda cortante ou pontiaguda. Além disso, todo escudo deve ter ao menos dois furos para ventilação.

Informações na embalagem

Foto: Reprodução


Outra exigência que deve ser observada pelo consumidor diz respeito à embalagem. Ela deve conter dados do fabricante, importador ou distribuidor em português para permitir contato com o fornecedor do produto em caso de dúvida. No rótulo também devem constar informações sobre eventuais riscos que possam afetar a saúde e a segurança.

Composição e validade

Foto: Reprodução


 As embalagens devem descrever ainda características, qualidades, quantidades, composição, garantia, prazos de validade e origem do produto, conforme estabelece o Artigo 31 do Código de Defesa do Consumidor (CDC).

Selo obrigatório

Foto: Reprodução


Ao comprar chupetas o consumidor também deve sempre observar se o produto é adequado a faixa etária da criança, pois há variação de tamanho do bico e do escudo para bebês na faixa de 0 a seis meses (tamanho 1), maiores de seis meses (tamanho 2) e não recomendado para menores de 18 meses (tamanho 3).

Inmetro proíbe chupetas e mamadeiras customizadas

Luciana Casemiro
O Globo

Fiscalização começa esta semana em feiras de gestantes

Reprodução 
Chupetas customizadas que trazem risco à saúde
 e segurança dos bebês foram proibidas pelo Inmetro 

RIO - Chupetas e mamadeiras customizadas — aquelas com pinturas, cristais, adesivos, entre outros, acessórios — estão com a produção, importação, distribuição e comercialização proibidas. A Resolução 517, do Inmetro, publicada, nesta quinta-feira, tem aplicação imediata. O assessor da Diretoria de Avaliação da Conformidade do instituto, Paulo Coscarelli, informa, inclusive, que as fiscalizações começam esta semana e o principal alvo são as feiras de bebê e gestante onde esses produtos são amplamente comercializados.

— É preciso conscientizar os adultos dos riscos desse tipo de produto. Entre os principais deles está o de engasgamento ou ingestão de acessórios como cristais, que podem se alojar no sistema intestinal do bebê, além da intoxicação, já que não há controle sobre o tipo de tintas e colas usadas para fazer essa customização. Não se pode priorizar a estética. O mais importante é a segurança. As crianças não são bonecos e, em muitos casos, estamos falando de bebês de dias — ressalta Coscarelli.

O executivo do Inmetro chama atenção para o fato de que há casos de empresas que fazem a customização e voltam com o produto para a embalagem original, induzindo ao consumidor ao erro de que aquele produto seria seguro, já que na “caixa” há o selo do Inmetro:

— O uso indevido do nome das marcas de fabricantes de chupetas e mamadeiras, assim como dos cristais já tem causado movimentação das empresas. Há muitos sites vendendo esses produtos e também tantos outros alertando para os riscos.

Coscarelli diz que, apesar de não haver registro de acidentes no banco de dados do Inmetro, o instituto decidiu pela publicação da resolução numa medida preventiva acompanhando os procedimentos adotados nos Estados Unidos e na Europa. Em caso de descumprimento da resolução, haverá apreensão dos produtos e punição dos responsáveis.

Cientistas avançam no tratamento do Mal de Parkinson

Lucas Agrela
EXAME.com 

Divulgação/Michael J. Fox 
Michael J. Fox: ator financiou pesquisa sobre Parkinson

São Paulo – Pesquisadores dos Estados Unidos conseguiram um avanço no tratamento do Mal de Parkinson. Driblando a seletiva barreira permeável que separa o sangue e o fluído extracelular do sistema nervoso central, a nova técnica de permite que os remédios cheguem onde 98% dos medicamentos não conseguem.

O método foi aplicado de maneira bem-sucedida em ratos. Por meio de um enxerto nasal, foi possível levar uma proteína terapêutica, fator neurotrófico (GDNF), ao cérebro dos animais. 

A substância foi escolhida porque já apresentou atrasos de progressão ou até mesmo a reversão do Mal de Parkinson.

Os pesquisadores do Instituto de Olhos e Ouvidos de Massachusetts, em parceria com a Harvard Medical School, e da Universidade de Boston acreditam que a técnica pode ser aplicada para levar medicamentos ao cérebro de pacientes diagnosticados com outros problemas que afetem o órgão e o sistema nervoso, como dor crônica e doenças psiquiátricas.

A nova técnica de aplicação de medicamentos ainda está em fase de testes, mas traz esperança no tratamento de doenças como o Mal de Parkinson, segundo os pesquisadores.

O estudo foi financiado pela Fundação Michael J. Fox, criada pelo astro da trilogia cinematográfica dos anos 80 “De Volta Para o Futuro”, que sofre com a doença desde a época das filmagens dos filmes.

Dente impresso em 3D pode ser a solução para cáries

Daniela Barbosa
 EXAME.com 

ThinkStock 
Dente impresso em 3D e feito a partir de resina e uma combinação
 de sais especiais pode prevenir o aparecimento de cáries

São Paulo – Se você perdeu um dente, uma prótese impressa em 3D pode ser a solução não só para a tampar o “buraco”, mas também para a prevenção de futuras cáries.

Pelo menos é isso que sugere um estudo publicado pela Universidade de Groningen, na Holanda, e batizado de “3D-Printable Antimicrobial Composite Resins”.

A pesquisa constatou que o dente impresso em 3D e feito a partir de resina e uma combinação de sais especiais pode prevenir o aparecimento de cáries. 

A prótese foi considerada uma espécie de guardiã dental, uma vez que pode ser a solução definitiva para pessoas que sofrem com o problema.

Funciona assim: quando implantando na boca, o dente guardião tem o poder de explodir membranas bacterianas responsáveis pelo surgimento de cáries.

A ação se dá graças aos componentes presentes no dente 3D.

Falta cuidado!
No Brasil, dados recentes do IBGE mostraram que mais da metade dos brasileiros não vai ao dentista todos os anos.

A mesmo levantamento constatou também que 53% das pessoas usam escova, pasta e fio dental para fazer a higienização diária.

O sentimento de raiva aumenta o risco de morte precoce

Da redação
Veja online

Homens que ficam irritados com frequência correm um risco maior de morrer prematuramente, de acordo com novo estudo

(Thinkstock/VEJA)
 Homens constantemente irritados correm 1,57 vezes mais risco 
de morte prematura do que aqueles mais calmos 

Homens que ficam nervosos e com raiva frequentemente correm um risco 1,7 vezes maior de morrer precocemente, em comparação com aqueles que têm temperamento mais calmo, de acordo com nova pesquisa. Publicado recentemente na revista científica Social Science & Medicine, o estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Iowa, nos Estados Unidos.

Para chegar aos resultados, os cientistas coletaram dados de 1 307 homens ao longo de quase 40 anos. Os níveis de raiva foram mensurados anualmente por meio da pergunta: "Você fica com raiva facilmente?". A frequência das respostas positivas à questão foi relacionada com o aumento do risco de morte prematura.

De acordo com os autores, essa correlação se manteve mesmo após outros fatores que afetam a mortalidade prematura serem considerados, como renda, estado civil e tabagismo. A idade média dos homens no início do estudo foi de 30 anos, mas os efeitos do sentimento de raiva no aumento do risco de morte foram encontrados até 35 anos mais tarde.

O estudo também revelou que traços da personalidade que costumam proteger uma pessoa contra morte prematura, como elevada capacidade cognitiva, por exemplo, não foram capazes de reduzir o risco de morte entre os mais irritados.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, uma possível explicação para os resultados encontrados está no fato de que a irritação aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial. Dessa forma, sentir raiva constantemente pode prejudicar o coração. "Este estudo não lidou com pessoas que sentem raiva de vez em quando. Elas eram constantemente irritadas. Não há problema em ter uma tarde ou um ano mais estressante, por exemplo. A questão tratada aqui não é uma raiva passageira, mas uma predisposição à ira.", disse Amelia Karraker, principal autora do estudo, ao jornal britânico.

Esquizofrenia poderá ser tratada com menos remédios

Veja online

De acordo com novo estudo, aumentar as sessões de terapia, proporcionar apoio familiar e diminuir a dosagem de remédios antipsicóticos pode ser uma conduta eficaz durante os primeiros estágios da doença

(Thinkstock/VEJA) 
Após dois anos de tratamento, aqueles que receberam a terapia combinado apresentaram
 maior alívio dos sintomas da doença e estavam funcionando “melhor”, mesmo tomando 
uma dosagem medicamentosa entre 20% e 50% do que o grupo que recebeu o tratamento padrão 

Um novo estudo, publicado nesta terça-feira, 20, na revista científica American Journal of Psychiatry,revelou um tipo de tratamento para o início da esquizofrenia que se mostrou bastante eficaz. A pesquisa indicou que o aumento de sessões de terapia, em conjunto com o apoio familiar e a redução do uso de medicamentos, pode ser uma fórmula de sucesso.

A pesquisa foi realizada com 404 pacientes após o primeiro episódio de psicose, geralmente diagnosticados no final da adolescência e início da juventude. Metade deles foi submetida à nova combinação de sessões de terapia, suporte da família e uma dosagem de medicamentos cerca de 20% a 50% menor do que a outra metade dos pacientes, que foi tratada apenas com os remédios antipsicóticos -- o procedimento padrão.

Após dois anos de tratamento, aqueles que foram submetidos ao tratamento combinado apresentaram os sintomas da doença de maneira menos intensa, em comparação com o grupo que usou exclusivamente remédios. Os autores do estudo ressaltaram que, quanto mais cedo for iniciada a terapia combinada, melhores serão os resultados.

O principal tratamento para a doença atualmente é a forte dosagem de medicamentos antipsicóticos. Contudo, embora esses medicamentos tenham o poder de bloquear as alucinações e delírios, eles também podem causam efeitos colaterais como ganho de peso, sonolência, tremores e distúrbios emocionais. Alguns estudos mostram que 3/4 dos pacientes interrompem a medicação em um intervalo de um ano e meio.

Brasileiros descobrem proteína do café com efeito de morfina

Exame.com
Agência EFE

Wikimedia Commons
Café: a descoberta foi descrita na tese de doutorado do biólogo molecular 
Felipe Vinechy, em um projeto conjunto da Embrapa e com a Universidade de Brasília

Rio de Janeiro - Pesquisadores brasileiros identificaram um fragmento de proteína no café que possui propriedades analgésicas e ansiolíticas semelhantes às da morfina, mas com a vantagem de ter efeitos mais fortes e mais prolongados, divulgou a Embrapa nesta quarta-feira.

Os efeitos da substância já foram testados com sucesso em ratos de laboratório. A descoberta foi descrita na tese de doutorado do biólogo molecular Felipe Vinechy, em um projeto conjunto da Embrapa e com a Universidade de Brasília, entidades que já solicitaram as respectivas patentes sobre sete diferentes partículas de proteínas isoladas do café.

Vinechy, que inicialmente pretendia isolar genes do café associados à qualidade do produto em um projeto para o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronôma para o Desenvolvimento (Cirad) da França, identificou sequências genéticas do grão com estruturas semelhantes as de alguns opióides endógenos de humanos.

O biólogo, orientado pelo pesquisador da Embrapa, Carlos Bloch Júnior, decidiu se concentrar nos fragmentos identificados e avaliar experimentalmente suas funções e seus efeitos em mamíferos.

Os experimentos com ratos mostraram que as substâncias tinham propriedades semelhantes às da morfina, mas com efeitos analgésicos maiores e mais duráveis, de até quatro horas, e sem outros efeitos colaterais.

O possível desenvolvimento de um analgésico ou de um tranquilizante a partir da substância do café, no entanto, exigirá novas pesquisas que permitam sintetizar a proteína e analisar seus efeitos em humanos.

A descoberta foi possível devido a ao banco de dados com a descrição completa do genoma do café criado pela Embrapa em 2004, que inclui 200 mil sequências genéticas, 30 mil delas já identificadas.

Substância contra câncer é liberada pela Justiça – mesmo sem comprovação científica

Da redação
Veja online

Após a liberação, pacientes com câncer e familiares fazem fila para receber cápsulas de fosfoetanolamina. O composto, produzido pelo Instituto de Química da USP, não foi testado em humanos.

(VEJA.com/Reprodução)
A fosfoetanolamina é uma substância produzida pelo Instituto de Química
 da USP (Universidade de São Paulo) em São Carlos que, supostamente, 
trata vários tipos de câncer 

Pacientes com câncer e familiares formam enormes filas no Instituto de Química da Universidade de São Paulo, em São Carlos, para receber cápsulas de uma substância que, supostamente, trata vários tipos de câncer. A mobilização ocorreu após a decisão do desembargador José Renato Nalini, presidente do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo. Na última sexta-feira, ele reconsiderou e liberou a distribuição do composto aos doentes. A determinação foi baseada em uma liminar do STF (Supremo Tribunal Federal) que autorizou a entrega das cápsulas a um paciente do Rio de Janeiro.

Não há, contudo, comprovação científica dos benefícios da fosfoetanolamina para a eliminação de tumores. Até agora, a substância só passou por estudos iniciais em células e em animais. Nunca foi testada em humanos. Para ser aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), seria necessário passar por, pelo menos, três fases de estudos clínicos que visam avaliar a eficácia e segurança do composto.

A grande procura - que levou à distribuição de senhas e o temor de que aumente ainda mais o número de interessados - fez com que a USP divulgasse um comunicado. A instituição alega que não é indústria química ou farmacêutica e não tem condições de atender demanda em larga escala.

No mesmo comunicado a reitoria da USP informa que a substância não é remédio e sugere que a propaganda da droga é obra de "exploradores oportunistas". A reitoria disse ainda que as decisões judiciais serão cumpridas, mas que a universidade vai brigar para revertê-las.

"A USP não desenvolveu estudos sobre a ação do produto nos seres vivos, muito menos estudos clínicos controlados em humanos. Não há registro e autorização de uso dessa substância pela Anvisa e, portanto, ela não pode ser classificada como medicamento, tanto que não tem bula.", afirma o comunicado.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o presidente da Sociedade Brasileira de Oncolgia Clínica, Evanius Wiermann, disse que o caso pode ser resumido como uma loucura. "Os pacientes estão sendo feitos de cobaia sem garantia nenhuma de segurança ou de eficácia", afirmou ao jornal.

Número de pintas no braço pode sinalizar propensão a câncer de pele, indica pesquisa

BBC Brasil

 Image copyright Science Photo Library



Se uma pessoa tem mais de 11 pintas no braço, ela pode ter um risco maior que a média de desenvolver câncer de pele do tipo melanoma, de acordo com um estudo britânico recém-publicado por pesquisadores do King’s College London.

O estudo, publicado no British Journal of Dermatology, concluiu que as pintas do braço são uma boa amostra do total de pintas do corpo. Quem tem mais de 11 pintas no braço direito tem mais chance de ter mais de 100 pintas no corpo inteiro - e, consequentemente, possui risco maior de desenvolver um melanoma.

Os pesquisadores orientam levar em conta as pintas do braço - circulares, de coloração marrom escura -, e não as sardas, que são mais clarinhas e muitas vezes temporárias.

A pesquisa usou dados de 3 mil gêmeos no Reino Unido.

Para os pesquisadores, clínicos gerais poderiam usar essa técnica para identificar pacientes com um risco maior que a média de desenvolver melanoma - tipo de câncer de pele menos comum, porém mais letal que o não-melanoma.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer, houve estimados 5,8 mil novos casos de melanoma no Brasil em 2014, e 182 mil de não-melanoma.

Pintas, sardas e melanomas
Sardas são pequenas áreas de cor marrom claro, que costumam ser temporárias e normalmente estão ligadas à exposição ao sol

Pintas são marcas na pele produzidas por células chamadas melanócitos, que produzem um pigmento colorido na pele. Não estão ligadas à exposição ao sol, mas o excesso de sol pode aumentar o risco de se ter câncer de pele e pode fazer com que uma pinta se torne maligna

Pintas podem ser achatadas, protuberantes, lisas, enrugadas, com ou sem pêlos

A maioria das pintas é inofensiva

Procure um médico se a pinta coçar, sangrar, crescer, ou tiver margens ou coloração desiguais

Se você tiver mais pintas ou sardas, tem mais tendência de ter câncer de pele. Por isso é preciso tomar mais cuidado com o sol. Evite ficar muito exposto ao sol, use óculos escuros, roupas com proteção solar e protetor solar de, no mínimo, SPF 15

Mas a presença de pintas não significa que a pessoa necessariamente terá câncer, apenas que seu risco de desenvolver a doença é maior e que ela deve tomar mais precauções, como usar protetor solar com frequência.

E é bom lembrar que a maioria das pintas é inofensiva. Devemos ficar atentos quando nossas pintas ganham coloração e formas assimétricas, quando elas aumentam de tamanho ou quando elas ficam inflamadas, sangram, formam casquinha ou causam coceira, informa o Sistema Público de Saúde britânico.

Os melanomas geralmente são pontos na pele que começam a se tornar escuros e a crescer. Podem aparecer em um ponto novo da pele ou sobre uma pinta pré-existente, que começa a mudar de forma e cor. Por isso, o risco do melanoma está relacionado ao número de pintas que o paciente tem.

Sardas e pintas
Os pesquisadores do King’s College London estudaram um grande grupo de gêmeas por um período de oito anos, coletando informações como tipo de pele, sardas e pintas.

Após repetirem o teste em um grupo menor de 400 homens e mulheres com melanoma, eles chegaram a essa maneira rápida e fácil para medir as chances de um paciente ter câncer de pele.

Mulheres com mais de sete pintas no braço direito tiveram uma probabilidade nove vezes maior de ter mais de 50 pintas no corpo todo.

Já aquelas com mais de 11 pintas no braço direito tinham uma probabilidade maior de ter maior de 100 pintas no corpo, significando que elas têm um risco maior de ter melanoma.

O principal responsável pelo estudo, o professor Simone Ribero, do departamento que pesquisa gêmeos e epidemiologia genética, disse que "as conclusões podem ter um grande impacto na assistência básica de saúde, permitindo que clínicos gerais estimem de maneira mais precisa o número de pintas de um jeito bastante rápido, em uma parte mais acessível do corpo".

 Image copyright Thinkstock Image caption 
Devem ser levadas em conta as pintas (mais escuras), e não as sardas

Para a coautora do estudo, Veronique Bataille, contar as pintas do braço pode "acender um alerta" na cabeça do médico e fazer com que ele encaminhe os pacientes a especialistas.

Claire Knight, diretora de informação da organização Cancer Research UK, disse que o estudo é útil, mas salientou que menos da metade dos melanomas se desenvolvem que pintas pré-existentes.

"É importante saber o que é normal para sua pele e informar ao médico eventuais mudanças no tamanho da pinta, ou na cor ou ainda em seu formato", disse. "E não se deve apenas olhar para o braço – melanomas podem surgir em qualquer parte do corpo. São mais comuns no dorso dos homens e nas pernas das mulheres."

O smartphone pode afetar sua saúde: veja como se proteger

Marina Demartini
EXAME.com 

Thinkstock 
Só uma olhadinha: 
checar o smartphone antes de dormir pode prejudicar sua saúde

São Paulo – Você sabia que usar seu smartphone pode prejudicar sua saúde? Os aparelhos estão se tornando um companheiro quase inseparável para muitas pessoas. 

O número de brasileiros que utiliza a internet a partir do smartphone chegou a quase 70 milhões no primeiro trimestre de 2015, segundo pesquisa da Nielsen IBOPE. Esse é um aumento de cerca de 10 milhões sobre os 58,6 milhões do trimestre anterior.

Dar uma espiadinha no smartphone antes de dormir pode ser prejudicial. Dan Siegel, professor de psiquiatria da Universidade da Califórnia, explica que ao entrarmos em contato com a luz emitida pela aparelho, nosso cérebro entende que ainda não é o momento de dormir.

Segundo ele, isso faz com que o órgão pare de liberar melatonina, um hormônio responsável pela regulação do sono. Sem as 7 ou 9 horas de sono recomendadas pelos médicos, os neurônios não conseguem descansar. Isso faz com que o cérebro não faça sua limpeza diária de toxinas, prejudicando o seu funcionamento no dia-a-dia.

Devido a esse hábito, dores de cabeça ficam cada vez mais comuns. Siegel aconselha que as pessoas desliguem seus smartphones uma hora antes de ir dormir.

Pescoço de texto
Quantas pessoas você já viu andando na rua com a cabeça baixa, enquanto usam o smartphone? Muitas delas poderão sofrer de uma doença chamada de pescoço de texto.

O mal é causado pelo tempo que as pessoas passam inclinadas em uma posição indevidas para que possam olhar a tela do aparelho. Segundo a fisioterapeuta Priya Dasoju, em entrevista ao site da BBC, a posição cria uma pressão intensa nas partes frontais e traseiras do pescoço.

Geralmente, as pessoas que sofrem de pescoço de texto sentem dores de cabeça, tensões da nuca e no pescoço, e até dores nos braços e nos ombros.

Em alguns casos, o pescoço de texto pode se agravar para uma nevralgia occipital – uma condição neurológica em que os nervos occipitais ficam inflamados ou lesionados. Como a dor, normalmente, começa na parte de trás da cabeça ou é sentida na parte de trás dos olhos, ela pode ser confundida com uma enxaqueca.

O tratamento da doença pode ser simples, com o uso de remédios anti-inflamatórios e massagens. Ou, em alguns casos graves, o paciente precisa injetar um coquetel de esteroides nos nervos ao redor do pescoço.

Síndrome de esgotamento
Segundo Thomas Südhof, vencedor do prêmio Nobel de medicina, o uso de smartphones está relacionado com a síndrome de esgotamento.

"Sempre estamos de guarda e através do e-mail temos contato minuto a minuto com nosso trabalho. A longo prazo isso não pode ser bom”, disse Südhof em declarações publicadas pelo Frankfurter Allgemeine Sonntagzeitung.

Com o uso frequente dos dispositivos móveis, as pessoas estão ficando cada vez mais nervosas e preocupadas. E o estresse, de acordo com Südhof, gera transformações no cérebro.

Tais mudanças podem afetar o cotidiano da pessoa, pois ela irá sentir extremo cansaço, dores de cabeça e no corpo. Por isso, o ganhador do prêmio Nobel recomenda fazer pausas no uso do smartphone. "Isso é algo que o bom senso diz. Tudo o que nos distrai ajuda, seja esporte, ioga, um bom livro ou música", finaliza.

Como evitar tudo isso?
“Passamos sete minutos por dia telefonando e duas horas e meia interagindo com o celular. Portanto, de oito horas ativas por dia, ele ocupa um terço”, afirma Alexander Markowetz, autor do livro Digitaler Burnout, em entrevista ao site DW.

De acordo com Markowetz, o principal problema relacionado com o uso abusivo de smartphones está relacionado com a interrupção da concentração.

“Nós não fomos criados para a multitarefa, e dirigimos alternadamente a nossa consciência a diferentes atividades. Quando surge o tédio, mudamos de ocupação. Com o tempo, isso causa estresse.”

Para o autor, é preciso que as pessoas façam dietas digitais para que utilizem o aparelho de forma mais saudável. O indivíduo precisa se condicionar e moldar seu ambiente para que o smartphone não desvie sua atenção. “Por exemplo: olhar as horas no relógio de pulso, em vez de ligar o telefone para isso.”
No caso das crianças, Markowetz aponta que o problema central é que os jovens não têm experiências offline. “Se hoje um jovem de 15 anos é obrigado a se desconectar, seu mundo desaba. Ele não pode perder nada.”

O autor conta que uma maneira de aplicar a dieta digital nas crianças é estabelecer horários para o uso dos smartphones. Os pais podem combinar dentro das classes e estabelecer, por exemplo, que depois das 20h00 todos recolhem os telefones celulares. Então estará claro para toda criança que não vai haver "festa do Whatsapp.”

Era industrial não reduziu horas de sono, revela estudo

Exame.com
Agência  EFE

Getty Images 
Sono: entre outros mitos que também foram derrubados está também
 que nossos antepassados iam dormir logo depois do pôr do sol

San Francisco - A ideia de que, com a chegada da era industrial, as horas de sono do homem foram reduzidas e de que os antepassados dormiam mais está equivocada, conforme um estudo publicado nesta quinta-feira pela revista "Current Biology".

A pesquisa, comandada pelo professor de psiquiatria da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), Jerome Siegel, envolveu grupos indígenas na Bolívia, Tanzânia e Namíbia, que mantêm hábitos tradicionais de caça e cultivo da terra, similares aos dos antepassados que determinaram a evolução humana.

Os Tsimané, da Bolívia, os Hadza, que vivem perto do Parque Nacional Serengeti, na Tanzânia, e os San, que moram no deserto de Kalahari, na Namíbia, dormem em média seis horas e meia por dia. Além disso, eles raramente cochilam depois do almoço, a famosa sesta.

Além de acompanhar o quanto e quando eles dormem, durante o inverno, os pesquisadores também examinaram a temperatura corporal e a quantidade de luz à qual estavam expostos.

"O argumento sempre foi que a vida moderna reduziu nossas horas de sono em relação às dos antepassados, mas nossos dados indicam que isso é um mito", afirmou Siegel, considerado uma autoridade internacional sobre o tema.

"Me sinto muito menos inseguro sobre meus próprios hábitos de sono após ter identificado as tendências que vemos no estudo", indicou o principal autor do estudo, Gandhi Yetish, que é doutorando na Universidade do Novo México (EUA).

Siegel começou a estudar os padrões de sono entre grupos indígenas há dois anos, ao pedir para antropólogos que estavam trabalhando com eles para que levassem dispositivos do tamanho de um relógio para medir as horas de sono assim como a exposição à luz.

No total, os pesquisadores coletaram informações de 94 adultos durante 1.165 dias, no primeiro estudo sobre os padrões de sono de grupos que mantêm estilos tradicionais de vida.

Entre outros mitos que também foram derrubados está também que nossos antepassados iam dormir logo depois do pôr do sol. Os participantes do estudo se mantiveram acordados, em média, três horas e 20 minutos depois do anoitecer.

"Manter-se acordado após o pôr do sol é absolutamente normal e não parece ser algo novo, embora a energia elétrica tenha estendido as horas que ficamos acordados", afirmou Siegel.

Os cientistas não encontraram sinais de que os hábitos de sono tivessem algum tipo de repercussão na saúde dos grupos estudados que, de fato, têm níveis de obesidade, pressão sanguínea e arteriosclerose mais baixos do que das pessoas que vivem em países industriais. Eles também têm melhor forma física.

Por outro lado, o estudo validou algumas crenças comuns sobre sono e a saúde, incluindo as vantagens da exposição à luz diurna, de dormir em um quarto no qual não faça calor e de se despertar de forma consciente na mesma hora.

Entre as descobertas curiosas, os pesquisadores destacaram que os casos de insônia são tão raros entre os grupos estudados que, entre os San e os Tsimane, por exemplo, não há sequer uma palavra para esse problema, que afeta mais de 20% dos americanos.

Os cientistas destacaram que o motivo pode estar relacionado com a temperatura do local onde as pessoas estão dormindo. Os grupos estudados dormem de forma consciente durante o período noturno no qual os termômetros registram os níveis mais baixos e acordam quando a temperatura, após ter caído a noite toda, chega ao ponto mais baixo das 24 horas.

Esse padrão fez com que os indígenas acordassem praticamente na mesma hora todos os dias.

"Na maioria de ambientes modernos, as pessoas dormem a uma temperatura fixa, inclusive menor do que durante o dia", afirmou Siegel, destacando que a queda da temperatura do ambiente pode ser crítica para o controle do sono nos humanos.

A equipe também ficou surpresa com o fato de os três grupos terem recebido a maior exposição à luz durante a manha, o que sugere que a luz matinal poderia ter um papel crucial na regulação do humor e dos neurônios cerebrais que atuam como uma espécie de relógio cerebral, além de ser muito afetiva também no tratamento da depressão.

Corpo humano leva 14 dias para se acostumar com horário de verão

BBC Brasil

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Com mudança no horário, as pessoas são obrigadas a acordar
 mais cedo e isso gera modificações fisiológicas no organismo

Um estudo realizado recentemente no Brasil concluiu que o corpo humano precisa de ao menos 14 dias para se adaptar totalmente ao horário de verão. Enquanto essa adequação não ocorre, são comuns problemas como falta de atenção, de memória e sono fragmentado.

O horário de verão 2015 começa no Brasil neste domingo, dia 18, e vai até o dia 20 de fevereiro de 2016. Nesse período, o relógio é adiantado em uma hora.

O objetivo é economizar cerca de 4% da energia consumida no país, de acordo com estimativa do Operador Nacional do Sistema Elétrico, o órgão governamental que controla o setor.

A medida é comum em muitos países.

As primeiras ideias sobre o tema surgiram no fim do século 18 e um de seus maiores defensores foi o patriarca americano Benjamin Franklin. Ele dizia que a mudança no horário era necessária para gerar “economia tanto em velas como em querosene”, segundo o pesquisador Guilherme Silva Umemura.

De acordo com ele, o horário de verão começou a ser adotado na década de 1930 no Brasil. Mas as discussões acadêmicas significativas sobre seu impacto na saúde começaram nos anos de 1970.

O estudo desenvolvido por Umemura no Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos, vinculado ao Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, se enfocou em como a mudança no relógio influi na temperatura do corpo humano.

 “Com a mudança no horário as pessoas são obrigadas a acordar mais cedo e isso gera uma série de modificações fisiológicas no organismo”, afirmou.

Fadiga
Segundo ele, a temperatura do corpo começa a subir mais cedo do que antes do horário de verão. Isso aponta para uma desestabilização entre os ritmos da temperatura corporal e da atividade de repouso.

"Essa dessincronização entre diferentes ritmos gera problemas. Desde problemas fisiológicos como distúrbios de sono”.

"A pessoa fica mais propensa a ter deficits de atenção, pode ter maior fadiga durante o dia, problemas para dormir, fragmentação do sono e até mesmo a diminuição da duração do sono”, disse ele.

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Para pesquisador da USP Guilherme Silva Umemura, 
mudança de horário com variação na temperatura corporal

A falta de atenção e a fadiga, afirma, podem ser causadores de acidentes de trânsito e acidentes de trabalho.

No começo do horário de verão, de acordo com ele, a maior incidência do sol em horários considerados noturnos faz o organismo atrasar seu ritmo. Isso faz com que a pessoa tenda a ficar mais tempo acordada por sentir sono mais tarde – o que afetaria negativamente o sono noturno

Os grupos mais afetados são os adolescentes e os jovens adultos, segundo o pesquisador.

Adaptação
Porém, na maioria dos casos aos poucos o corpo começa a “se acostumar” com a nova rotina.

"No nosso trabalho nós observamos que 14 dias seria o mínimo necessário para a pessoa se adaptar ao horário de verão", disse Umemura.

Mas, de acordo com ele, embora isso seja menos comum, para algumas pessoas os sintomas podem perdurar até fevereiro, quando ocorre a mudança para o horário normal.

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Mudança de horário no Brasil tem como objetivo 
economizar cerca de 4% da energia consumida no país

Para chegar a essas conclusões Umemura fez uma pesquisa, monitorando dia e noite com aparelhos um grupo de cerca de 20 pessoas – tanto no início como no fim do horário de verão do ano anterior.

O assunto da influência do tempo no corpo das pessoas – a chamada cronobiologia – deve ser até tema de um simpósio latino-americano no Estado de São Paulo, em novembro.

A mudança de horário afeta mais quem tem rotinas mais rígidas de trabalho.

Mas para quem tem maior flexibilidade de tempo, o recomendado é tentar minimizar os efeitos da mudança.

Uma receita é ir acordando 15 minutos mais cedo diariamente, para que a transição ocorra aos poucos. 

* Reportagem de Luis Kawaguti

Sífilis congênita cresce mais de 100% em 5 anos no Rio

Exame.com
Clarissa Thomé, do Estadão Conteúdo

Thinkstock 
Sífilis: em 2010, houve 1.535 bebês contaminados por sífilis 
pelas mães durante a gravidez. Em 2014, foram 3.588 - aumento de 133,7%

Rio de Janeiro - Entre 2010 e 2014, o número de casos da sífilis congênita mais que dobrou nas maternidades da rede pública estadual do Rio.

Em 2010 houve 1.535 bebês contaminados pelas mães durante a gravidez. Em 2014, foram 3.588 - aumento de 133,7%. Ao todo, no período, foram notificados 13.013 casos de sífilis congênita no Estado do Rio.

A doença pode provocar malformação fetal, surdez e cegueira nos bebês se não houver tratamento. A Secretaria de Estado de Saúde anunciou na sexta-feira, 16, uma campanha contra a doença.

Para Hellen Campos Ferreira, professora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense (UFF), o aumento do número de casos evidencia falhas no pré-natal, na distribuição de kits de testagem rápida e até de medicamentos no período.

"Há várias falhas que precisam ser levadas em consideração. O pré-natal não é eficiente na prevenção dessa doença. Também temos um comportamento social do homem que não se sente contaminado, não comparece ao tratamento e volta a transmitir a doença para a mulher. E tivemos também falta de insumos. As unidades básicas de saúde não receberam kits de testagem rápida no segundo semestre de 2014 e também há falta de medicamentos a partir de abril do ano passado", afirmou Hellen, coordenadora da residência em enfermagem obstétrica.

De acordo com os dados da Secretaria de Estado, em relação à faixa etária da mãe, houve maior porcentual de gestantes contaminadas com idades entre 20 e 34 anos de idade, representando 61,4% dos casos diagnosticados, no período de janeiro de 2010 a agosto de 2014. Dos 13.013 bebês contaminados, em 76% dos casos o parceiro sexual não aderiu ao tratamento.

Hellen fala que as mulheres aderem mais ao tratamento durante o pré-natal. "Sífilis é doença tratável. O casal é chamado à unidade de saúde, recebe a prescrição para as injeções intramusculares de penicilina cristalina, a recomendação para usar preservativo. Mas há uma questão de gênero forte e o homem abandona o tratamento. Com a gestante, conseguimos que ela faça o tratamento como um todo, mas quando repetimos o exame, é comum ela ter sido reinfectada", afirmou a especialista.

O subsecretário de Vigilância em Saúde, Alexandre Chieppe, disse que o crescimento no número de casos é um "fenômeno nacional" e nega que tenha havido falha na distribuição de kits de diagnóstico.
Ele confirma que há um problema mundial no fornecimento de penicilina. "Os laboratórios produtores diminuíram a produção. A oferta é aquém da necessidade. Esse é um nó crítico no gerenciamento da sífilis, que precisa ser solucionada com compra internacional ou produção interna do produto", afirmou Chieppe.

A secretaria fechou pacto com os 92 municípios para adotarem nova estratégia para a sífilis.

"Um dos pontos é o de inserir o parceiro no tratamento, não apenas a gestante. Um grande problema é a reinfecção porque o parceiro não teve o tratamento adequado", disse Chieppe. De acordo com ele, houve o compromisso de garantir os kits de diagnóstico rápido nas unidades básicas.

Também foi lançada campanha de conscientização da população, na tentativa de aumentar a adesão ao tratamento. A sífilis congênita é causa importante de aborto tardio. Nas crianças, pode provocar alterações mentais, ósseas, cardiovasculares, entre outras sequelas.

Números da sífilis congênita

2010 - 1.535
2011 - 2.268
2012- 2.667
2013 - 2.955
2014 - 3.588

Fonte: Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro

Estudo revela método para eliminar células com HIV latente

Exame.com
Agência EFE

Getty Images 
Aids: a erradicação do vírus que causa a doença ainda representa
 um desafio para os cientistas, pois o HIV pode permanecer "adormecido"

Londres - Um grupo de cientistas nos Estados Unidos descobriu um novo método para eliminar células nas quais o HIV permanece latente e invisível para o sistema imunológico e os remédios antivirais, revela um estudo publicado nesta terça-feira pela revista britânica "Nature".

A pesquisa, desenvolvida pelo Instituto de Alergias e Doenças Infecções de Maryland, conseguiu "desenvolver especificamente" um novo anticorpo que futuramente pode reduzir o número de células que abrigam o vírus de imunodeficiência humana (HIV) em pacientes com aids.

Em comunicado divulgado pela "Nature", os cientistas John Mascola e Gary Nabel afirmam que esse anticorpo ativa células nas quais o HIV permaneceu latente e, ao mesmo tempo, comanda as chamadas "células T" para que as destrua.

"É capaz de provocar a produção de proteínas do HIV por células infectadas com HIV extraídas de pacientes e isoladas, o que as torna visíveis, ou seja, um alvo mais fácil para as células imunológicas", explica o texto.

Esse tratamento, segundo os autores do estudo, foi bem aceito pelos macacos submetidos testes, o que indica que pode ser aplicado em testes médicos com humanos.

A erradicação do vírus que causa a aids ainda representa um desafio para os cientistas, pois o HIV pode permanecer "adormecido" e se instalar em "depósitos" de células com infecção latente.

Por esse motivo, a eliminação do HIV desses "depósitos" é um passo significativo para a erradicação total do vírus no corpo humano, destacam Mascola e Nabel.

"O anticorpo desenvolvido pode nos aproximar um pouco mais desse objetivo, mas sua efetividade em testes pré-clínicos aplicados em modelos animais e humanos ainda deve ser avaliada", afirmaram os pesquisadores. 

Células-tronco geram organelas funcionais de rim humano

Lucas Agrela
EXAME.com 

Getty Images
Células-tronco: cientistas criaram tecidos do rim humano em laboratório

São Paulo – Uma equipe de cientistas conseguiu criar em laboratório organelas de um rim a partir de células-tronco. 

Após realizarem uma pesquisa para descobrir como essas células se desenvolvem para formar o órgão, os pesquisadores aplicaram o método para iniciar o processo de formação.

Segundo o estudo publicado no jornal científico Nature, expostas a moléculas sinalizadoras, as células-tronco assumiram formas de néfrons ou dutos coletores, responsáveis pelo processo de filtragem do sangue no corpo humano.

Após uma cultura das células que levou 20 dias, os cientistas constataram que tecidos normalmente encontrados em rins normais cresceram espontaneamente, como um princípio da Alça de Henle e túbulos proximais.

O método ainda não é o suficiente para criar órgãos em laboratório para realizar transplantes, mas a descoberta ajudará os pesquisadores no desenvolvimento de medicamentos para pessoas com problemas nos rins.

Pesquisadores desenvolvem coração feito de espuma

Exame.com
Lucas Baptista, Superinteressante

Divulgação/Universidade de Cornell 
Todo o material do coração é formado com um novo tipo de polímero
 e é composto de poros interligados que permitem bombear sangue

São Paulo - Pesquisadores da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, desenvolveram, em uma impressora 3D, um "coração" feito de novo material macio e flexível com a consistência de espuma capaz de imitar formatos de órgãos.

Todo o material é formado com um novo tipo de polímero e é composto de poros interligados que permitem bombear sangue para as demais partes do corpo usando menos energia e mais elasticidade do que os corações artificiais já desenvolvidos.

É bem simples de entender: imagina que você está lavando louça. A esponja na sua mão está cheia d`água. Se você apertá-la, o líquido será extraído. Pronto. A mesma coisa, acontecerá com o coração de espuma bombardeando fluidos para o corpo.

O desenvolvimento desse material dá a esperança para novas pesquisas e produção de novos órgãos.

"Nesse estudo, vimos o efeito dos poros no organismo, mas gostaríamos de fazer os atuadores de espuma com mais rapidez, para que possamos aplicar mais força. E agora estamos focando em biocompatibilidade", disse Rob Shepherd, professor assistente de engenharia mecânica e aeroespacial.

Pesquisadores criam ‘pele’ digital que dá tato a próteses artificiais

BBC Brasil

 Image copyright Universidade de Stanford Image caption 
Os sensores podem ser vistos acoplados às pontas de uma mão artificial

Engenheiros construíram sensores altamente sensíveis que podem dar a sensação táctil à próteses externas.

Os sensores flexíveis são capazes de detectar o toque e, como a pele, produz impulsos elétricos que respondem ao aumento de pressão e são reconhecidos pelo sistema nervoso central.

Eles também usaram esses impulsos para ativar neurônios em amostras de cérebros de ratos. Os cientistas pretendem agora utilizar a "pele" artificial no revestimento de próteses de modo a proporcionar aos usuários uma sensação táctil.

Os pesquisadores afirmam que o sistema permite uma reprodução mais fiel do tato do que outros modelos de pele artificial, oferecendo uma opção promissora de desenvolvimento para próteses responsivas.

O trabalho foi publicado na revista científica Science.

A principal vantagem, segundo a autora Zhenan Bao, é que o sensor flexível produz um padrão de impulsos que é reconhecido pelo sistema nervoso.

Tecnologia vestível
"Com materiais plásticos, nós e outros pesquisadores nessa área já tínhamos conseguido produzir sensores sensíveis ao toque - mas o sinal elétrico que saía desses sensores não tinha o formato certo para ser interpretado pelo cérebro", disse Bao.

Isso significa que outros modelos, embora tenham produzido resultados importantes em testes com pacientes, demandavam um processador ou um computador para "traduzir" a informação do toque.

"Nosso sensor agora é acoplado a um circuito eletrônico impresso. Esse circuito permite que o sensor gere impulsos elétricos que conseguem se comunicar com o cérebro", afirma Bao, engenheira química da Universidade de Stanford, nos EUA.

"Consideramos isso o primeiro passo para o uso de materiais plásticos em pele artificial para membros artificiais."

No curto prazo, acrescentou a professora, os sensores podem ser úteis em equipamentos de tecnologia vestível.

"Os sensores são muito finos e flexíveis, e também são elásticos. Então você poderia montar um sensor em sua pele e usá-lo para detectar sinais vitais como os batimentos cardíacos e pressão arterial", afirmou.

 Image copyright Universidade de Stanford Image caption 
Os sensores podem ser dobrados e esticados

O coração do projeto é uma camada de polímero elástico, flexível, atada com nanotubos de carbono e moldada em forma de pequenas pirâmides. Quando o sensor é pressionado, essa camada de semi-condutor oferece uma leitura da pressão.

"Quando a pressão é aplicada, as pirâmides se deformam", diz Bao. "A parte superior torna-se mais plana, e isso muda a quantidade de corrente que pode fluir através destas pirâmides."

Abaixo dessa camada há o circuito eletrônico impresso, chamado oscilador, que transforma a corrente variável em uma série de impulsos. Com mais pressão e mais corrente, a taxa dos impulsos sobe.

Flashes rápidos
Para mostrar que esse sinal poderia se comunicar com o sistema nervoso de forma efetiva, Bao e seus colegas o transmitiram a um LED azul e refletiram a luz sobre um pedaço do cérebro de um rato.

Nessa amostra cerebral, um subconjunto de células cerebrais havia sido modificado para responder a esse estímulo, por meio de um canal sensível à luz que encheu a célula de carga elétrica após ser atingido por fótons azuis.

E depois, quando os cientistas mediram os impulsos de células dentro desse pedaço de cérebro, encontraram uma leitura fiel dos impulsos produzidos pelo sensor de toque.

 Image copyright Universidade de Stanford Image caption 
Pesquisadores esperam que o design de plástico
 seja útil para uso em membros artificiais

Essa técnica baseada na luz é conhecida como optogenética, e é usada por neurocientistas para vários tipos de experimentos, inclusive a manipulação de lembranças pela ativação de conjuntos específicos de neurônios.

A equipe de Bao escolheu essa técnica porque fornecer eletricidade a células de forma direta é um processo problemático.

"Eletrodos são feitos de material duro e tendem a danificar os neurônios, mas usando essa técnica não temos que contatar os neurônios de forma direta", afirma a engenheira.

No futuro, a tecnologia de células-tronco poderia gerar uma interface ótica para equipamentos como esses novos sensores. E também os meios de fornecer impulsos elétricos diretamente às células podem ser aperfeiçoados.

"Há muitos avanços hoje em eletrodos macios, para melhores interfaces biológicas. Esse pode ser um outro caminho", diz Bao.

A cientista de materiais do MIT (Massachusetts Institute of Technology) Polina Anikeeva disse à BBC que a experiência do time de Bao em Stanford foi empolgante.

"Várias companhias e testes clínicos estão explorando a optogenética como uma alternativa aos estímulos elétricos", disse Anikeeva.

"À medida que a eficácia e a segurança desse método ficar mais clara, será possível prever mais usos do estímulo neuronal optogenético em próteses, mas isso levará tempo e esforço."