terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Qual o melhor horário para dormir e não ter doenças? Pesquisa sugere

 Da Redação

Exame.com

Não é só de uma boa cama, um travesseiro gostoso e silêncio que precisamos para ter uma boa noite de sono. O horário também pode ter grande influência nisso

 (g-stockstudio/Thinkstock)

Sono: mesmo que o estudo tenha feito sugestões, ainda

 não existe uma resposta concreta para as perguntas. 

Quando se trata de dormir, muitas pessoas acreditam que o grande truque é escolher uma boa cama e um travesseiro aconchegante. Porém, uma pesquisa recente sugere que também pode existir um momento ideal para o sono — pelo menos no que diz respeito à saúde do coração.

Nem muito cedo, nem muito tarde: o horário ideal seria entre 22h e 23h. 

O estudo, baseado em dados de mais de 88 mil participantes do UK Biobank, sugere que dormir às 22h ou um pouco depois está associado a um risco menor de desenvolver doenças cardiovasculares, em comparação com quem vai dormir mais cedo ou após esse horário.

Contudo, o estudo não consegue provar que a hora de dormir contribui para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares — até porque o horário que as pessoas dormem pode estar associado a outras condições de saúde ou até de comportamento. Além disso, o estudo não analisou de perto a qualidade de sono dos participantes, apenas a duração.

O co-autor do estudo e chefe de pesquisa da Huma Therapeutics, Dr. David Plans, afirmou ao The Guardian que mesmo sem a comprovação, o horário que vamos dormir afeta diretamente em pontos fisiológicos importantes, que influenciam diretamente o poder do nosso "relógio biológico" regular nosso corpo diariamente.

Caso o relógio biológico não seja devidamente ajustado por um período de tempo, o "desalinhamento circadiano" pode resultar em um aumento de inflamações, além de prejudicar a regulação da glicose no sangue, o que pode aumentar as chances de doenças cardiovasculares.

O estudo revelou que 3.172 dos 88.026 participantes, recrutados entre 2006 e 2010, desenvolveram doença cardiovascular em um tempo médio de acompanhamento de 5,7 anos. Nenhum deles apresentava doenças ou distúrbios do sono no início do estudo.

A equipe então se baseou em dados de dispositivos de pulso usados pelos participantes por sete dias para explorar se havia uma associação com o tempo em que os participantes adormeciam à noite.

A equipe descobriu que, dos 3.172 participantes, 1.371 adormeceram após a meia-noite, em média, durante os sete dias de uso do dispositivo, 1.196 cochilaram na hora a partir das 23h e 473 adormeceram na hora a partir das 22h. Apenas 132 cochilaram antes das 22h.

Depois de levar em consideração várias informações, como idade, sexo, tabagismo, duração do sono, irregularidade do sono, diabetes, pressão arterial e condição socioeconômica dos participantes, os pesquisadores encontraram participantes que adormeceram entre 22h e 22h59 tiveram um risco menor de doença cardiovascular do que aqueles que dormiram mais cedo ou mais tarde.

Mais especificamente, aqueles que adormeceram à meia-noite ou mais tarde tiveram um risco 25% maior de desenvolver doenças cardiovasculares, enquanto aqueles que adormeceram antes das 22h tiveram um risco 24% maior. Até mesmo dormir uma hora depois apresentava algum risco: aqueles que adormeceram entre 23h e 23h59 tiveram um risco 12% maior de doença cardiovascular do que aqueles que adormeceram na hora anterior.

A equipe afirma que as descobertas parecem ser mais fortes em mulheres do que em homens, embora as razões para isso permaneçam não definidas.

O estudo tem limitações, incluindo o fato de ser baseado apenas em dados de adultos de 43 a 79 anos, e os participantes do UK Biobank — um banco de dados de informações genéticas e de estilo de vida — são predominantemente brancos. Plans afirmou que mais pesquisas, com um número maior de participantes, são necessárias para examinar as descobertas, acrescentando que não havia evidências suficientes no momento para determinar uma hora de dormir como "a melhor" para o público.

No entanto, ele afirmou que o estudo reforça a importância de hábitos que ajudam com uma boa noite de sono. “As pessoas costumam presumir que as doenças cardiovasculares são uma consequência de influências fisiológicas”, disse Plans. “Considerando que, na verdade, a influência comportamental no sistema cardiovascular como resultado da interrupção circadiana é enorme.”

Qual o problema de dormir muito pouco?

Pessoas que costumam dormir menos de cinco horas por noite têm um risco maior de desenvolver diabetes, segundo o estudo.

A privação de sono a longo prazo também está associada a uma frequência cardíaca mais alta, pressão alta e níveis elevados de alguns produtos químicos ligados à inflamação e tensão no coração.

Noites curtas de sono também podem afetar sua saúde mental — levando ao estresse, preocupação e dificuldade em gerenciar as tarefas do dia a dia — e sua função cognitiva, afetando sua memória, humor e capacidade de tomar decisões.

Outros estudos também relacionaram a privação de sono ao ganho de peso e à obesidade, sugerindo que as pessoas são mais propensas a escolher alimentos gordurosos e com alto teor calórico quando não dormem o suficiente.

Qual o pior horário para dormir?

Dormir após a meia noite representa o maior risco, segundo a pesquisa. Pessoas que dormem neste horário ou mais tarde tiveram um risco 25% maior de desenvolver doenças cardiovasculares.

“O horário mais arriscado é depois da meia-noite, potencialmente porque pode reduzir a probabilidade de ver a luz da manhã, o que zera o relógio biológico”, afirmou Plans.

O corpo funciona em um ritmo circadiano, um relógio interno de 24 horas que oferece suporte às funções normais de saúde física e mental. As evidências sugerem que uma interrupção prolongada desse ritmo está associada à pressão arterial elevada, redução da qualidade do sono e aumento do risco de doenças cardiovasculares.


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